Obra de Fernanda Gassen representa números da violência contra as mulheres no Brasil

Obra de Fernanda Gassen representa números da violência contra as mulheres no Brasil

Através de quadrados laranjas, intervenção lembra que uma mulher é morta no país a cada sete horas

Camila Souza

Fernanda desenhou 1440 retângulos para ilustrar cada minuto do dia

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A artista Fernanda Gassen criou uma intervenção inédita que representa os números da violência contra as mulheres no Brasil. Intitulada “Uma a cada dez”, a produção é marcada pelas relações entre a arte e a política. Por trás de um desenho poético pintado em aquarela, há uma segunda camada simbólica que representa os números impactantes de estupro e feminicídio.

A obra tem curadoria de Luísa Kiefer e foi criada especialmente para o Instituto Ling (rua João Caetano, 440, Três Figueiras - Porto Alegre). Pode ser conferida até o dia 30 julho, com visitação gratuita, de segunda a sábado, das 10h30min às 20h. 

Fernanda desenhou 1440 retângulos para ilustrar cada minuto do dia, preenchendo alguns deles com diferentes tons para marcar os números de estupro e feminicídio. Os quadradinhos em laranja lembram que, a cada sete horas, uma mulher é morta no país. Já os pintados em azul mostram que, a cada dez minutos, uma é estuprada - 53% delas são meninas menores de 13 anos, simbolizadas na intervenção em um tom mais claro, e as outras 47% são mulheres a partir de 13 anos, retratadas pelos blocos escuros.

Desenvolvida em um espaço com seis metros de largura e quase três de altura, a obra levou cinco dias para ser executada. Os bastidores da produção foram registrados em um minidocumentário, feito pela produtora Eroica Conteúdo, que está disponível no canal do Ling no YouTube.

Conheça a artista

Fernanda Gassen vive e trabalha em Porto Alegre. Possui doutorado em Poéticas Visuais pela Ufrgs, graduação pela UFSM e atua como professora de Artes Visuais no CAp/Ufrgs. Em seu processo artístico recente, reportagens criminalísticas, pesquisas estatísticas e literatura de gênero são vertidas em proposições gráficas, propostas conceituais ou estruturas visuais que pensam essas recorrências.

As noções de quantidade, repetição, expressão numérica, acúmulo e proporção que caracterizam esse tipo de referencial também estão presentes em sua poética, seja na construção dos trabalhos ou nas suas formas de apresentação.


Obra “Uma a cada dez” levou cinco dias para ser executada | Foto: Eroica Conteúdo / Divulgação / CP

Conheça a curadora

Luísa Kiefer é mestre e doutora em História, Teoria e Crítica de Arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da Ufrgs e formada em Jornalismo pela PUCRS. Em 2017, foi pesquisadora visitante no departamento de fotografia do Centre for Research and Education in Art and Media da Universidade de Westminster em Londres. 

Nos últimos anos, realizou a curadoria de exposições individuais e coletivas em diferentes espaços, como Fundação Ecarta, Goethe-Institut Porto Alegre, Instituto Ling, Espaço Cultural ESPM-Sul e Fundação Vera Chaves Barcellos. 

Desde 2018, coordena, junto com Eduardo Veras, o projeto de catalogação da obra da artista plástica Gisela Waetge. Em 2019, foi curadora geral do Linha, espaço independente de artes visuais em Porto Alegre. Em 2021, recebeu o XIV Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria Jovem Curadora/Aliança Francesa.

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