Desburocratizar para poder avançar

Desburocratizar para poder avançar

Para o Presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira o principal desafio da sigla neste ano de eleição é a ampliação da bancada

Correio do Povo

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Presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira acredita que as reformas tributária e administrativa não deverão avançar no Congresso nesse ano em função das eleições e da complexidade dos temas. Mesmo assim, espera que alguns assuntos consigam ser deliberados, como projetos que envolvem o ICMS dos combustíveis. Sobre as eleições, avalia a filiação do vice-presidente Hamilton Mourão e destaca que o desafio da sigla é a ampliação da bancada, para que fique entre os seis maiores partidos no país. Natural do Espírito Santo, Marcos Pereira foi ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e está no primeiro mandato como deputado federal. A seguir, os principais trechos da entrevista.

O senhor fez uma manifestação bem forte na tribuna da Câmara dos Deputados, nesse mês, em relação à demora na liberação de mercadorias pelas alfândegas. O senhor já esteve à frente do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, como compreende o impacto dessas medidas na economia brasileira?

A minha crítica à conduta do ministro Paulo Guedes e de alguns dos seus secretários diante do tratamento dispensado à indústria nacional não é de hoje. A crise alfandegária envolvendo a dificuldade no desembaraço dos insumos vindos do exterior tem prejudicado 57% da indústria eletroeletrônica. Minhas ações quando ministro da Indústria e Comércio Exterior sempre foram no sentido de desburocratizar e tirar todas as amarras que impedem o setor produtivo de avançar. Infelizmente, o que vimos nestes últimos anos foi um completo estado de abandono de ações neste sentido. Isso compromete o emprego, o desenvolvimento e a competitividade nacional.

Ainda sobre a economia brasileira, após a pandemia e o impacto econômico, o que pode ser esperado? Quais as medidas o senhor acredita que deveriam ser adotadas para acelerar a retomada econômica no Brasil?

Sempre digo que se o governo não atrapalhar já ajuda. A vida do empreendedor no Brasil já é dura demais em condições normais, com a ausência de ações efetivas para seguir desburocratizando isso vira um pesadelo. Estamos em uma fase de recuperação tendo em vista a desaceleração que ocorreu devido à pandemia. Portanto, penso que tudo que for possível fazer para facilitar esse processo devemos fazer.

Por ser um ano eleitoral, há impactos nos trabalhos legislativos. Quais propostas o senhor acredita que terão condições de avançar no Congresso Nacional neste ano?

As reformas tributária e administrativa não devem avançar neste ano. São muito complexas e polêmicas e o calendário eleitoral compromete a discussão e eventual aprovação. Também penso que a privatização dos Correios, que era uma bandeira deste governo, não deve ir para a pauta. Acho possível avançar quanto ao marco regulatório do setor elétrico, a alteração de regras do ICMS dos combustíveis e algumas outras propostas econômicas. Mas ainda assim exigirá importante esforço do governo.

Sobre a política, o senhor como presidente nacional do Republicanos, como projeta as eleições deste ano e quais serão os maiores desafios?

Nosso desafio enquanto partido é ampliar as bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado. Estamos trabalhando duro para tornar o Republicanos um dos seis maiores partidos do Brasil. Quanto à disputa para a Presidência da República, acredito que a polarização entre Lula e Bolsonaro deverá se acirrar.

O Republicanos decidiu neste mês que não ingressará em uma federação partidária, que é uma novidade na eleição deste ano. Como presidente da sigla, como o senhor acredita que as federações vão impactar no processo eleitoral?

As federações deverão beneficiar partidos menores e que eventualmente não conseguirão construir chapas nos estados capazes de fazê-los ultrapassar a cláusula de desempenho. Como ônus, eles ficam obrigados a verticalizar a atuação nos estados e municípios. Não será fácil conciliar todos os interesses num país continental como o nosso. O Republicanos tem feito sua lição de casa desde a fundação e é o único partido que cresce desde então. Vamos dar mais um passo na consolidação do nosso projeto.

Aproveitando a discussão política e as movimentações entre as siglas, foi confirmado o ingresso do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, no Republicanos, que ocorrerá em março. O que representa esse ingresso para o partido?

O vice-presidente Hamilton Mourão tem sido desde o início do governo Bolsonaro uma peça de equilíbrio e moderação, que são características do Republicanos. Acredito que sua experiência será muito útil ao Senado e ao Brasil na busca por elevar o debate nacional. Com a filiação ao partido, ele terá todo respaldo para que sua eleição seja um sucesso.

Uma das disputas mais emblemáticas quando se pensa nos estados, São Paulo chama atenção. Como estão as articulações para disputa do Palácio dos Bandeirantes?

Tenho uma boa relação com o vice-governador Rodrigo Garcia, candidato à sucessão de João Doria pelo PSDB, mas também tenho conversado com o ministro Tarcísio de Freitas, que deverá ser o candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. Tarcísio nos procurou e abriu a possibilidade de indicarmos o candidato a vice ou ao Senado. Nossa preferência é pelo Senado. Mas ainda não há nada decidido.


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