Eric Martin: "Eu acredito no poder da música, ela cura a alma"

Eric Martin: "Eu acredito no poder da música, ela cura a alma"

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"O segredo do nosso sucesso é respeito, dedicação, fraternidade e muito humor", diz o artista. Foto: Pany Goff / Divulgação / CP

Os anos 1980 estavam acabando e um quarteto estava se formando na Califórnia para se inscrever definitivamente na história do hard rock ou soft rock, dependendo do ponto de vista de quem analisa. A banda Mr. Big começou em 1988 como um quarteto integrando Paul Gilbert (guitarra), Billy Sheehan (baixo), Eric Martin (vocal) e Pat Torpey (bateria). Após quatro discos, Gilbert saiu da banda e voltou em 2009 para uma Reunion. Ao todo, a banda já lançou nove discos de estúdio e onze ao vivo. O mais recente é “Defying Gravity”, lançado em julho deste ano, cuja turnê chega a Porto Alegre na próxima terça, às 21h, no bar Opinião (José do Patrocínio, 834). O disco gravado em apenas seis dias no Ocean Studios, na Califórnia, mostra a banda em grande forma e faz uma ponte entre passado e presente, projetando o futuro do grupo que completa 30 anos de carreira no próximo ano, marcado pelo reencontro com o produtor Kevin Elson, responsável pelos quatro primeiros discos da banda. O disco revela riffs marcantes, a habilidade e virtuose dos seus integrantes em músicas como a pesada “Open Your Eyes”, a nostálgica “1992”, a faixa-título “Defying Gravity”, a blueseira "Be Kind" e o hit “Everybody Needs a Trouble”. O frontman da banda Eric Martin é um cara de palco, que sabe como brincar com o público e incitar os fãs. Nesta entrevista ao Correio do Povo, ele fala do novo disco, do reencontro com Kevin Elson, do química entre o quarteto e das suas opiniões sobre a música e sobre engajamento.


Correio do Povo: Como podemos contextualizar este álbum "Defying Gravity" na carreira da banda?
Eric Martin: Este álbum não é um registro conceitual, mas, dizendo liricamente, há um virada positiva em quase sua totalidade, com exceção de algumas músicas. Musicalmente, este é um disco orgânico de Rock & Roll, completamente escrito e com arranjos feitos  no local, sem aquela pré-produção e todos os overdubs. A primeira vez que ouvimos foi a primeira vez que tocamos as músicas. Para mim, pessoalmente, foi difícil de fazer, não gosto de fazer registros para vencer o relógio ... Mas olhando para trás e com Kevin Elson produzindo, penso que acabou tudo muito bem.


CP: Seria possível falar sobre as principais músicas do álbum, como faixa de rastreamento (apenas por mais e mais curiosidade dos fãs brasileiros)?
Eric Martin: Músicas principais? Ah... Eu não sei o seu gosto particular, mas vou escolher algumas músicas que eu tenho cavado... Espero escolher com sabedoria: “Open Your Eyes” - Escrita por Paul Gilbert e, como ele mesmo descreve: "Esta música é sobre apreciar a vida, a música e o mundo. "Ama o que você faz, e você nunca trabalhará um dia em sua vida" (uma citação do filósofo, Confúcio) é o que os músicos procuram. E eu aprecio todos os dias nos quais estou "vivendo o sonho". “Be Kind” - Paul Gilbert escreveu esta canção sobre uma urgência para a paz e boa vontade para com o seu próximo, mas em suas palavras ele diz: "Uma música sobre me colocar nos sapatos de outra pessoa e sentir como eu gostaria de ser tratado, se eu estivesse em sua situação. Quando você está para baixo, é bom ter alguém para ajudá-lo". Eu amo cantar esta música, está tudo amarrado, legal e ajustado em bluesy, “Do Wop”, swing do sul dos EUA.... É o meu tipo de música da igreja Rock & Soul. "Everybody Needs a Little Trouble" - Paul tinha esse riff de guitarra que ele me enviou, como um shuffle de blues do Bo Diddley. Eu escrevi algumas melodias para o verso, para a letra, e transformei para este rockabilly cantando um longo refrão. Esta música e é sobre abraçar o perigo em sua vida ... como o real significado "Lean Into It".


CP: Como foi essa reunião no estúdio com o grande Kevin Elson, produtor dos primeiros quatro álbuns da banda?
Eric Martin: Kevin é muito mais membro da nossa banda do que eu. Ele nos ajudou a criar o nosso som. Ele é o Sr. Mellow na sala de controle e sempre encontra uma maneira de manter a paz e o ritmo dos acontecimentos. Trabalhamos com outros produtores depois dos primeiros quatro discos. Adorei trabalhar com Kevin Shirley, Pat Regan e Ritchie Zito em nossos outros registros. Cada um desses caras trouxe um tipo diferente de magia ao nosso som. Mas ter Kevin Elson de volta para este novo álbum nos deu a faísca que precisávamos. Espero que nós possamos trabalhar juntos novamente.


CP: Como vimos nos dois shows mais recentes que vocês fizeram aqui em Porto Alegre, em 2011 e 2015, o palco é o ponto mais forte da banda. Como vocês mantêm essa energia ao vivo?
Eric Martin: O palco significa literalmente isto: Não importa qual tamanho o palco tem (eu prefiro sempre maior por causa do volume, então segure seus ouvidos), nós sempre daremos um ótimo show, não importa onde estejamos. O palco é figurativamente: Nós ainda estamos vivos e fazendo acontecer. Ficamos mais velhos, mas ainda temos muita luta e energia em nós.


CP: Qual é a química desta formação: Gilbert, Eric, Sheehan e Torpey?
Eric Martin: Ah, o segredo do nosso sucesso! Respeito, dedicação, paciência, fraternidade, muito humor e, no Brasil, tomar muito vinho brasileiro.


CP: O que você está ouvindo atualmente? Que bandas, músicos, quais nacionalidades, etc.?
Eric Martin: Conheci o Geoff Tate recentemente. Fizemos um show em conjunto com a Avantasia, Wacken Festival, na Alemanha. Eu me sinto mal em dizer, mas nunca havia ouvido Queensryche (eu cheguei a ouvir somente “Silent Lucidity” no rádio, é claro). Mas nunca é tarde para ouvir. Meu outro irmão da banda Avantasia, Jorn Lande, da Noruega, tem um novo álbum chamado "Life on Death Road", que é fantástico. Eu recomendo que vocês confiram este registro.


CP: Para você, qual é o compromisso da música com as causas, temas e engajamento em geral?
Eric Martin: Eu acredito no poder da música, ela cura a alma. Eu fiz uma série concertos de caridade e beneficentes na minha vida e tenho participado da fundação Make-a-Wish America. Se há algo que posso fazer para que alguém se sinta melhor, então eu estou dentro.


CP: Que mensagem você deixaria para os fãs de Porto Alegre convocando para este show?
Eric Martin: Primeiro, tenham uma boa noite de sono na noite anterior... Não queremos que você esteja apagando no meio do Mr. Big show. Traga a sua game face e balance a cabeça ... Respire fundo entre "To Be With You", "Just Take My Heart”, “Wild World” e algumas das outras melodias. A maior parte será Hard Rockin. Espere um minuto, Eric, você não sabe com quem está falando? Esta é Porto Alegre, do Brasil, "a cidade do Capitólio"!!! Eles sabem o que estão fazendo. Eles não precisam de você dizer-lhes como agitar, como ser Rock! Uau, você está bem, Eric? Bem, espero que todos tenham uma ótima noite. Por favor, venham e digam olá. Estarei no meio do palco esperando por vocês.


Por Luiz Gonzaga Lopes


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