John Pizzarelli: “A Bossa Nova é uma força que conquistou o mundo”

John Pizzarelli: “A Bossa Nova é uma força que conquistou o mundo”

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Foto: Jacob Blickenstaff / Divulgação / CP


Num momento quando tão poucos eventos musicais são realizados para falar da Bossa Nova ou a lembrança dos anos 1950 e 1960 é mais acentuada para o rock do que para outros gêneros, a Bossa Nova e o Jazz são trazidos à memória por um disco e um show do excepcional guitarrista norte-americano John Pizzareli. Com o show “Sinatra & Jobim @ 50”, Pizzarelli rende duas homenagens simultâneas. A primeira feita com o disco de mesmo nome, lançado no ano passado pela Concord Record, que recorda os 50 anos de “Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim”, de 1967, um dos grandes encontros da música mundial nos anos 1960. A segunda homenagem é aos 60 anos da Bossa Nova, completados em 2017. No disco e no show estão clássicos daquela parceria de 1967, como “Baubles, Bangles and Beads", “Água de Beber”, “Dindi”, “Bonita”, “Meditation/Quiet Night of Quiet Stars”; duas composições de Michael Frank: “Two Kites” e “Antonio´s Song”, além de músicas de Pizzarelli e Jessica Molaskey: “Canto Casual” e “She´s so Sensitive”, inspirada em “Insensatez/How Insensitive” e também músicas da sessão de gravação de 1969.
Acompanhado do neto de Tom Jobim, Daniel Jobim, Pizzarelli apresenta este show nesta quinta-feira, às 21h, no Centro de Eventos do Barra Shopping Sul, com abertura de Dudu Sperb (violão e voz) e Luiz Mauro Filho (piano). Na apresentação, Pizzarelli (voz e guitarra) estará acompanhado ainda de Andy Watson (bateria), Konrad Paszkudzki (piano), Mike Karn (baixo). O show terá formato de jazz club, com mesas e serviço de bar. O público terá também a alternativa de cadeiras, sem serviço de bar. Ingressos nas lojas Multisom (Andradas, 1001 - Centro, Bourbon Shopping Ipiranga, Praia de Belas Shopping, Shopping Iguatemi e Barra Shopping Sul) e pelo site. A realização é da Bourbon Street Music Club, POA Jazz Festival e Branco Produções.

Em entrevista ao Correio do Povo, Pizzarelli fala de sua relação com a Bossa Nova, da inspiração de Sinatra e Jobim para a sua carreira e outros assuntos como futuras homenagens e o carinho pelo público de Porto Alegre.

Correio do Povo: O que você pode dizer sobre o significado da Bossa Nova para o contexto da música atual?
John Pizzarelli: A Bossa Nova é uma força que conquistou o mundo e ainda continua a fazer isto, 60 anos depois.

CP: Conte-nos como foi essa ideia de uma gravação de um disco (“Sinatra & Jobim @ 50”) e um concerto que homenageou o 50º aniversário do álbum “Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim”?
John Pizzarelli: Obviamente, a descoberta do 50º aniversário do disco foi o catalisador da iniciativa. Isso me deu uma ótima desculpa para fazer outro CD de bossa nova! Nossa última turnê pelo Brasil foi realmente outra inspiração para encontrar algumas ideias da bossa nova para poder gravar também.

CP: Sobre o álbum e o show, o repertório não se restringe às músicas do álbum de 1967. Temos belas canções bonitas como “Canto Casual” e "Antonio"s Song". Qual foi o critério de escolha das músicas para o repertório do show?
John Pizzarelli: Não queria apenas escolher músicas gravadas por Sinatra e Jobim, mas também queria mostrar a influência de Tom Jobim sobre a música de Michael Frank e sobre eu mesmo, por exemplo.

CP: Você tem uma música favorita do álbum?
John Pizzarelli: Eu gosto de “Bauble, Bangles and Beads” e “Bonita”.

CP: O que especificamente foi a influência de Sinatra e Jobim em sua carreira?
John Pizzarelli: Bem, o canto de Sinatra e a música de Jobim são duas coisas sem as quais eu não poderia ter vivido até aqui ou me tornado músico.

CP: Você conheceu Sinatra e Jobim pessoalmente? Conte-nos algo sobre essa proximidade.
John Pizzarelli: Eu conheci Sinatra uma vez enquanto eu estava abrindo shows para ele, em 1993. Foi simplesmente um momento mágico. Porém, eu nunca conheci Tom Jobim, eu sinto que ele sempre chega a mim espiritualmente, por meio da música e de certas pessoas. Daniel Jobim é uma destas pessoas.

CP: Quão importante é a presença de Daniel Jobim, neto de Tom, no álbum e no show?
John Pizzarelli: Ele é um querido amigo e alguém com quem eu amo fazer música. Ele me mantém com os pés no chão e sempre tem uma nova história a respeito de Tom Jobim ou uma música que ainda não conheço.

CP: Gostaria que você falasse sobre os músicos que participaram do álbum e no concerto em Porto Alegre, no Brasil. Eu cito Helio Alves no piano (no disco) e o baixo de Mike Karn (no show) apenas para começo de conversa.
John Pizzarelli: Bem, o nosso pianista no show será Konrad Paszkudzki, direto da Austrália. Mike Karn tocará o baixo, Andy Watson estará na bateria e eu farei todo o resto, com a participação do Daniel Jobim.

CP: Sobre Porto Alegre, que até tem uma boa cena de jazz, o que você pode dizer do público e da música produzida aqui?
John Pizzarelli: Sempre gostei das noites maravilhosas pelas quais passei quando toquei em Porto Alegre. Espero ainda mais deste calor e entendimento musical do público nesta apresentação.

CP: Recentemente, você homenageou Paul McCartney e agora Sinatra & Jobim. Existe algum outro nome da música que merece homenagem assim?
John Pizzarelli: Ainda não comecei nada, mas talvez James Taylor ou Cole Porter mereceriam esta homenagem, só para nomear dois.

CP: Finalmente, como você se define no contexto da música mundial e do jazz?
John Pizzarelli: Sou apenas outro cantor/guitarrista tentando entender a música e passar o que entendo adiante! Grandes abraços a todos e espero todos vocês lá!

por Luiz Gonzaga Lopes

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