Paulinho Moska: "Existe muita música boa por todos os lados"

Paulinho Moska: "Existe muita música boa por todos os lados"

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Paulinho Moska toca em Porto Alegre e Novo Hamburgo neste final de semana. Foto: Facebook / Reprodução Paulinho Moska toca em Porto Alegre e Novo Hamburgo neste final de semana. Foto: Jorge Bispo / Divulgação


Nas suas três décadas de carreira, desde o grupo vocal "Garganta Profunda" em 1985, passando pelo "Inimigos do Rei" em 1987 até a carreira solo e as parcerias com Lenine, Chico César, Jorge Drexler e Fito Paez, Paulinho Moska sempre foi um apaixonado pela música e pelos seus violões. Os seus shows sempre foram em dois formatos: com banda ou somente com violão e voz, nos quais as canções ficam mais fiéis às composições originais e ganham a força de expressão do autor tocando e cantando “do mesmo jeito que foram compostas”. A turnê "Moska Violoz – Paulinho, Violões & Voz" chega ao Rio Grande do Sul para duas apresentações. Neste sábado, ele se apresenta, às 21h, no Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80) em Porto Alegre; e no domingo, às 20h, no Teatro Feevale, em Novo Hamburgo. Ingressos à venda nos dois locais e pelo site. Neste apresentação, Moska toca cinco instrumentos: um violão com cordas de nylon, um violão com cordas de aço, um violão barítono (afinado em Si), um violão híbrido (violão guitarra) e um ukelelê. Entre as músicas, estão as de maior comunicação com o público como "Pensando em Você" e "A Seta e o Alvo", além de parcerias com Caetano Veloso e Fito Paez.

CP: Correio do Povo: "Violoz" é um show que confirma que regra: a) que o músico é ele e o seu instrumento. b) que o violão ainda é o melhor amigo do músico. c) que é mais fácil viajar em turnê sozinho d) alguma das alternativas ainda não listadas?


Paulinho Moska: O "Violoz", na minha carreira, é uma grande quebra de regra (risos). Durante quase 25 anos eu viajei com somente um violão debaixo do braço... Mas dessa vez estou com 5 instrumentos, que vou alternando em blocos. Cada um com uma sonoridade muito diferente do outro. O "Violoz" tem um perfume teatral... O figurino vai se transformando... Eu apresento cada violão como se fosse um grande amor da minha vida. E são.

CP: O que Paulinho Moska quer e vai mostrar para o público de Porto Alegre? Existe alguma relação mais estrita com a cidade ou com o RS, com as pessoas e músicos que aqui vivem?


Paulinho Moska: Há 12 anos que a minha vida foi transformada pela descoberta da cultura sul-americana quando conheci o uruguayo Jorge Drexler (Vitor Ramil me passou o contato dele). A partir desse encontro pude começar a compreender de uma forma mais profunda a singularidade gaúcha. Nas minhas conversas (da série de TV "Zoombido") com Nei Lisboa, Thedy Corrêa, Yamandu Costa, Adriana Calcanhotto, Humberto Gessinger, Kleiton, Kledir e Vitor Ramil, Filipe Catto e com os rapazes da banda Cachorro Grande, pude perceber a amplitude e a diversidade da canção/música da região... E pude reconhecer os "gaúchos" do Uruguay e da Argentina. Hoje me sinto mais gaúcho. Até gosto de mate (risos)!

CP: São tantas as músicas compostas e as parcerias, o que tu podes destacar de essencial do repertório deste show?

Paulinho Moska: O formato do "Violoz" é tão novo pra mim que eu decidi cantar o repertório mais conhecido. O roteiro tem praticamente todas as canções que soaram nas rádios e TVs. "Pensando em Você", "A Seta e o Alvo", "A Idade do Céu", "O Último Dia", "Somente Nela", "Tudo Novo de Novo", "Muito Pouco", "Namora Comigo"...Experimentei todas as canções em todos os violões e escolhi as melhores versões. Vou cantar também "Terra", do Caetano Veloso. Uma forma de se manifestar a favor da vida e da natureza, num momento difícil para todo o planeta.

CP: A música brasileira está caminhando para onde? Como tu estás vendo o mercado, o que surge de novo, os modismos, os hibridismos, os movimentos de vanguarda?

Paulinho Moska: Desde 2006, conduzindo a série "Zoombindo", estive com 262 cantautores... E muitos eram "novos". Pude perceber a nova geração chegando... Gadú, Tulipa, Céu, Jeneci, Tiê, Ana Cañas... Até os ainda mais "novos", Alice Caymmi, Dani Black, Cícero, Filipe Catto e muito mais. O que vi e ouvi foi muito animador... Existe muita música boa por todos os lados e em todos os estilos. E temos que utilizar toda tecnologia possível para encontrá-lá. É preciso estimular a curiosidade!

CP: Recentemente rolou uma parceria com Fito Paez. Nós aqui do Sul sabemos que um Mercosul é possível. Veja só os exemplos de Vitor Ramil e Bebeto Alves, para ficar só nestes. "Locura Total" prova que é possível compor em portunhol? Fale-nos desta parceria.

Paulinho Moska: A palavra "portuñol" é usada como sinônimo de "equívoco"... Quando um fala errado a língua do outro...está falando portuñol. Mas não há nada de errado com o "comportamento" portuñol, com o "projeto" portuñol, com a "atitude" portuñol."Locura Total" nasceu do meu encontro com o Fito no meio de uma ponte que nós dois estávamos construindo há muitos anos. Ele é o artista pop latino que mais gravou com grandes artistas brasileiros: Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Djavan, Paralamas, Titãs... E eu andei fazendo algo parecido por lá, com Jorge Drexler, Kevin Johansen, Lisandro Aristimuño, Juana Molina, Pedro Aznar. Até conhecer o Fito e tentar alguma coisa... No primeiro dia que sentamos para compor juntos saíram cinco canções. Três delas estão no disco!

CP: Queria que tu falasse da tua relação com a música e qual o novo projeto que tens em mente ou já estás envolvido?


Paulinho Moska: A música é como o ar... Não podemos ver mas podemos sentir. Ela é onda física que pode balançar uma camisa ou uma saia, se os graves estiverem bem altos. Mas também é um meio de transcendência, uma linda viagem e uma linguagem que nunca se domina por completo. A força da música atua diretamente em nossas células. Estou produzindo uma nova série de TV que vai misturar um pouco de ciência com um pouco de arte para investigar outras camadas do conhecimento. "Eu não quero acreditar, eu quero saber" (Carl Sagan).

Por Luiz Gonzaga Lopes

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