Perspectivas para o litoral

Perspectivas para o litoral

Por Felipe Falero

Felipe Falero

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À frente da Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte), o prefeito de Arroio do Sal, Affonso Flavio Angst, popularmente conhecido como Bolão, vê boas expectativas em relação ao veraneio em andamento. Entre as praias de Torres e Quintão, a região mais frequentada pelos turistas, os municípios investiram em infraestrutura, considerando o recuo de muitas restrições provocadas pela pandemia nos últimos dois anos. A seguir, Angst detalha suas visões sobre o que está sendo feito e o que ainda falta ser desenvolvido.

O que o veranista pode esperar de novidades para a temporada no Litoral Norte? Quais os principais investimentos em infraestrutura, por exemplo, que o senhor poderia destacar?

A exemplo do verão 2022, os municípios do Litoral Norte vêm investindo em melhorias em infraestrutura voltada ao turismo, não somente os municípios de beira-mar, mas também os municípios da Serra do Mar. A maioria investiu com melhorias nos acessos viários, recuperando estradas e vias secundárias para benefício de turistas e moradores. Na região da Serra, muitos municípios ampliaram estruturas viárias para permitir atividades turísticas como trilhas de bike, jipeiros, motos e outros esportes afeitos ao turismo esportivo, com programações nas regiões de montanhas e dos canyons locais. O setor público, apesar das dificuldades vividas com a diminuição da arrecadação, vem buscando alternativas para ampliar as opções de lazer do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, de forma sustentável e segura para todos.

Nos últimos anos, houve mais ou menos restrições em todos os locais por conta da pandemia. Para esta temporada, elas caíram, embora novas variantes da Covid-19 ainda estejam em circulação. São, de fato, menos agressivas, graças ao aumento da vacinação, segundo especialistas. No entanto, em 2022, tivemos um pico de contaminações nos primeiros meses do ano. Como garantir uma praia segura nestes aspectos e evitar repetição do cenário?

Com os mesmos cuidados sanitários já estabelecidos pelos protocolos de saúde. As unidades de saúde de todo o Litoral se preparam para atender a demanda da população, cumprindo com todo o regramento previsto pelo Ministério da Saúde e Secretaria Estadual de Saúde.

Tivemos um governador reeleito no Rio Grande do Sul e um novo presidente em âmbito nacional a partir de 2023. De que maneira o senhor acredita que os governantes têm olhado para o Litoral Norte nos últimos tempos? Os investimentos têm sido suficientes ou deveria haver maior atenção, considerando o potencial turístico?

Há alguns anos o Litoral Norte do RS vem sentindo o aumento gradativo de sua população fixa, em virtude da localização privilegiada e atrativos naturais. No período da pandemia, todos os indicadores subiram, em consumo de energia elétrica, volume de lixo recolhidos, atendimentos nos postos de saúde e nas estimativas do setor imobiliário. Acreditamos que a população fixa da região aumentou em cerca de 50% nos últimos 10 anos. A expectativa é que esse índice seja comprovado no Censo 2022, que está sendo realizado pelo IBGE, o que deverá garantir um aumento de repasse dos recursos públicos para a região, principalmente na área da saúde.

Nos últimos tempos, há um perfil mais empresarial se destacando no Litoral Norte. Osório, por exemplo, está instalando uma grande fábrica e distribuidora de bebidas e há a permanente discussão relacionada ao Porto de Arroio do Sal. O senhor tem identificado isto? A que o senhor atribui esta nova vocação?

O Litoral Norte do Rio Grande do Sul tem um potencial econômico fantástico, tanto no desenvolvimento do turismo quanto nas possibilidades de negócios, através da exploração de energias renováveis, a implantação do novo porto de Arroio do Sal, passando naturalmente pela preservação ambiental e o incentivo aos pequenos produtores e empreendedores locais. Atualmente estamos debatendo a questão das diretrizes ambientais da região, junto com a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado (Sema) e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) na expectativa de, em conjunto, planejarmos o crescimento e desenvolvimento da região, de forma ecológica e economicamente corretas.

Neste ano, pela primeira vez na história, tivemos municípios do Litoral Norte registrando casos de dengue. É realidade que quase todos os municípios do Rio Grande do Sul estão infestados pelo mosquito Aedes aegypti. Como evitar que, de alguma forma, esta questão de saúde pública prejudique o veraneio?

Tomando as medidas necessárias de combate, previstas nos planos de prevenção da Secretaria Estadual de Saúde. Os cuidados devem ser mantidos pela população, atendendo as campanhas educativas sanitárias dos órgãos públicos.

Baseado nesta expectativa de investimentos públicos e privados, aqui vai um exercício de “futurologia”: como o senhor vislumbra o futuro do Litoral Norte gaúcho a médio e longo prazos?

Vislumbramos um crescimento moderado nos próximos 10 anos, considerando a situação econômica inflacionária do país, o cenário internacional prejudicado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que afeta toda cadeia produtiva, e a própria adaptação global ao vírus Sars-CoV-2, que alterou as projeções de todas as economias e sociedade mundial. Mas acreditamos que a região deverá se desenvolver nos próximos anos, principalmente pela evolução do setor tecnológico, que permite o trabalho em home office, motivo pelo qual muitas famílias migraram para o Litoral Norte nos últimos anos.


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