Planos da PRF para o Estado

Planos da PRF para o Estado

O serviço de inteligência foi reforçado

Felipe Samuel

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Em seu discurso de posse, o senhor falou sobre a importância da polícia cidadã. Como isso ocorrerá no dia a dia da PRF aqui no Rio Grande do Sul?

Estamos com um colega nos representando na Assembleia Legislativa, na Comissão de Direitos Humanos e Cidadania. Estamos com trabalhos integrados há meses com o Ministério do Trabalho para ações de combate ao trabalho análogo à escravidão. Estamos diuturnamente no combate à exploração sexual de criança e adolescentes Fizemos recentemente o resgate de três crianças na cidade de Canguçu, três adolescentes que estavam em uma casa de prostituição. Temos os colegas da educação para o trânsito atuando diuturnamente, porque educação para o trânsito também é direitos humanos, porque evita acidentes e as crianças acabam ensinando os pais como conduzir o veículo para evitar acidentes.

Passa por iniciativas de orientação à população?

Exatamente. Estamos com campanha de arrecadação de alimentos para as vítimas da enchente que aconteceu na Região Metropolitana. Somos o primeiro estado do Brasil a recriar uma comissão de Direitos Humanos. No passado nós tivemos uma, ela foi extinta e eu recriei essa comissão. E essa missão é passada para a Comissão de Direitos Humanos, todas as missões, inclusive com os próprios colegas que estão precisando, que estão passando por problemas psicológicos ou algo do tipo. Temos um núcleo de Assistência à saúde para esses colegas. Acabei de firmar um acordo com o diretor do Grupo Hospitalar Conceição, que prevê um convênio para resgate aeromédico. A PRF disponibilizará nosso helicóptero para transplante de órgãos que será, de acordo com o diretor, implementado no ano que vem, e para resgate de vítimas. Em contrapartida, ele disponibilizou o serviço de perícia para PRF, para os policiais que precisarem passar por perícia. São muitas ações. O resgate aeromédico foi uma ideia que levei para o primeiro encontro de superintendentes, em Brasília, e sugeri que fizéssemos em nível ministerial, embora já estivesse fazendo um convênio com os Bombeiros e com a Secretaria de Saúde aqui do Rio Grande do Sul. Mas o diretor-geral gostou dele, levou para o nível ministerial um convênio via Ministério da Saúde do resgate aeromédico. Cinco estados do Brasil terão, inclusive o RS. E esse resgate atuará diretamente com a Samu, com as secretarias de saúde, para levar órgãos, pacientes. Nossa aeronave será adaptada como uma UTI móvel. Todas as sugestões na área de direitos humanos que vão chegando dos colegas vamos, na medida do possível, implementando.

Na fiscalização de rodovias, quais são as prioridades?

Temos sistemas chamados manchas criminais e sistemas de acidentes de trânsitos. Com base neles, faremos uma gestão mais direcionada conforme as estatísticas. Queremos ampliar a presença da PRF nas fronteiras. Agora estamos em um processo de recrutamento para o nosso Núcleo de Operações Especiais E esse núcleo irá viajar para as fronteiras do Rio Grande do Sul e será referência na parte operacional, até para ensinar os colegas que estão nas delegacias mais distantes. O serviço de inteligência foi reforçado, aumentei o efetivo da inteligência para a parte criminal. Todas as rodovias do Rio Grande do Sul são utilizadas para o crime, infelizmente, todas elas. A BR-116, por exemplo, por Jaguarão, hoje tem tráfico de skunk muito forte para ir para Santa Catarina, principalmente, que é um estado que consome bastante o skunk, que é uma maconha mais modificada geneticamente. E, ao mesmo tempo, temos o tráfico de cocaína vindo pelo Paraguai, que entra via Santa Catarina, por Chapecó, e cocaína também da Colômbia. Então, é praticamente impossível dizer que qual rodovia é prioridade. A BR-386 se destaca bastante. A delegacia de Sarandi, por exemplo, faz muitas apreensões na BR-386. A prioridade serão todas.

O que representa chegar ao cargo de superintendente Polícia Rodoviária Federal? O senhor afirmou que antes de ingressar na corporação chegou a vender coxinha de galinha, o que mostra as dificuldades que enfrentou até chegar aqui.

Naquele período que vendia coxinha de galinha em Rio Grande, quando saí dos Fuzileiros Navais, entendi que eu não tinha interesse em ir para o Rio de Janeiro para cursar para cabo. Percebi que eu tinha em Rio Grande o Instituto Federal e uma universidade federal que eu poderia utilizar para uma formação. Então entendi que deveria me dedicar os estudos. Meus amigos de infância, eles seguiram os estudos, eu dei uma pausa para ir para os Fuzileiros, onde estive quase por três anos e três meses. Decidi que eu iria estudar e fazer faculdade. Entrei no Direito lá Furg, fui muito bem recebido. Os professores são pessoas maravilhosas. Todo o tempo que estudei, trabalhei ao mesmo tempo. Fiz Direito no período noturno. E a PRF foi uma coroação porque era um sonho. As pessoas diziam assim: “Não adianta fazer esse concurso porque tu não vais passar”. Esse concurso é muito difícil. Na minha cidade, foram cinco aprovados, a Universidade Federal de Rio Grande ficou lotada de candidatos. Só que eu estudei dois anos para esse concurso, em paralelo ao meu trabalho, porque eu dava aula de forma gratuita em um projeto chamado Acreditar, em Rio Grande, que é um curso preparatório para o vestibular no bairro Parque Marinha, numa escola chamada Tellechea. Dava aula, trabalhava como bolsista na faculdade de Direito e tocava em uma invernada para ganhar mais um pouco de dinheiro. Quando entrei na PRF, mudou a minha vida, porque aquilo ali foi um sonho em 2004. Chegar ao cargo de superintendente é a maior coroação que um policial rodoviário federal pode ter. Existem cargos superiores como diretor-geral, mas, para mim, o superintendente tem uma peculiaridade, porque vamos gerir os colegas que conhecemos no dia a dia. Conheço todo mundo, no Rio Grande do Sul inteiro. Então, é o ápice da minha carreira e coroa todo esforço que comecei lá atrás, com estudo e trabalho.

Tem previsão de chamar pessoal aprovado no concurso de 2021?

Tem. O diretor-geral falou. Estamos em uma campanha muito forte para essa turma entrar, porque o nosso efetivo é insuficiente. Tem estudo antigo do Tribunal de Contas da União (TCU) que falava em 18 mil policiais o efetivo ideal em todo país. Hoje, se fosse fazer esse estudo, possivelmente passaria dos 20 mil. Nós temos 840 policiais no RS, mas muitos na área administrativa também, para dar conta de quase 6 mil quilômetros de rodovias.

Qual seria o número ideal para o RS?

De modo empírico, seriam necessários mais uns 300 policiais. Teria que fazer o estudo porque estamos desenvolvendo sistemas objetivos para delimitar, mas precisaria reabrir principalmente na fronteira com a Argentina, criar alguns postos da Polícia Rodoviária Federal e reabrir outros. Em São Gabriel, vou reabrir agora e entendo que deveria vir um posto da PRF em Santa Rosa e tantos outros. Precisamos de no mínimo 16 policiais para abrir uma unidade operacional. Então, sem uma análise mais aprofundada, eu acredito que uns 300 policiais seria ideal. Vou tentar conseguir o máximo possível para o Rio Grande do Sul. 


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