Rachel Griffiths: ""Mammal" é um filme duro, desafiador"

Rachel Griffiths: ""Mammal" é um filme duro, desafiador"

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Atriz australiana Rachel Griffiths protagoniza o filme Atriz australiana Rachel Griffiths protagoniza o filme "Mammal". Foto: Edison Vara / Pressphoto / Divulgação


Uma das novidades desta edição do 44º Festival de Cinema de Gramado é a parceria com o Festival de Sundance. Dois representantes do festival norte-americano participam do evento para conhecer a produção local e adquirir títulos para o Sundance Channel, canal televisivo que deve ser lançado no Brasil em novembro. Dentro desta programação, foi exibido, na segunda-feira, o drama "Mammal", de Rebecca Daly (Irlanda). A atriz australiana Rachel Griffiths, que protagoniza o filme, esteve em Gramado e conversou com a imprensa. "Mammal" é um filme sobre uma mulher que abandonou seu filho quando ele era criança e vive sozinha em Dublin. Ao mesmo tempo em que acolhe um jovem sem teto e lhe cede um quarto da sua casa, ela fica sabendo que o seu filho, quase da mesma idade, morreu subitamente em um canal. Enquanto elabora seu luto, ela desenvolve uma relação dúbia com o garoto que passa a morar na sua casa. Sobre isso, a atriz Rachel Griffiths conversou com o Correio do Povo. Australiana, ela vive em Melborne e tem três filhos, mas também passa períodos nos Estados Unidos para trabalhos profissionais.
Correio do Povo: Você está aqui como parte de uma parceria entre o Festival de Sundance e o Festival de Gramado. Como está sendo esta experiência?
Rachel Griffiths: É muito interessante. Apesar da distância, aprecio quando estas conexões são feitas. Acredito que este é o futuro, não ficarmos em centros isolados, mas conhecer novas fontes e procurar o envolvimento das comunidades. Foi uma decisão inteligente.

CP: Como você compôs a personagem de Margaret em "Mammal"?  Estudou casos de mulheres com drama semelhante?
Rachel Griffiths: Sim, fiz pesquisas sobre casos de mulheres que abandonaram seus filhos e sobre a depressão pós-parto, que é o caso desta personagem. Porque muitos casos de abandono estão ligados à depressão. Essas mulheres se julgam mães ruins e acreditam que as crianças realmente estarão melhores se afastadas delas.  Vivemos em um tempo em que a mídia e algumas celebridades falam da maternidade como o melhor momento possível de uma vida. Mas não é assim para todas as mulheres. Para algumas, o amor pelo bebê vai crescendo. Outras se sentem estranhas.  Elas não conseguem se conectar com o bebê. Quanto à interpretação, acredito que devo muito à diretora. Rebecca tem um olhar detalhista. Sou muito comunicativa e uso muito as mãos, mas minha personagem é uma mulher fechada. Por isso, a diretora me conduziu a uma atuação mais contida.

CP: A solidão seria um dos temas deste filme?
Rachel Griffiths: Sim, Margaret é uma mulher desconectada com suas próprias emoções, vive longe de sua família. É uma alienação. Este é um filme duro, desafiador.

CP: Algumas atrizes, como Sonia Braga, que esteve neste festival há poucos dias, reclamam da falta de papéis para mulheres maduras no cinema. Você sente este problemas na indústria do entretenimento?
Rachel Griffiths: Essa é uma questão para as estatísticas. Minha opinião não diz muito. É preciso ver os dados, que falam por si mesmos. Mas isso é um assunto relevante, como também o das mulheres negras.

CP:  Quais seus novos projetos para o momento?
Rachel Griffiths: Finalizei uma minissérie dirigida por Gus Van Sant (do filme "Milk"), em uma produção da ABC (EUA). "When we Rise" acompanha um período do país sob a perspectiva do movimento pela luta dos direitos dos gays, lésbicas e transgêneros. Também obtive os direitos de um livro para adaptação para o cinema e estou feliz pela produção já ter obtido recursos. Será um filme com enfoque muito feminino.

 

Por Adriana Androvandi


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