Casa a céu aberto

Casa a céu aberto

Alina Souza

Voluntários Jenifer Oliveira e José Carlos Gomes Ferreira (neto da Vó Chica) na rua Luiz Sibemberg.

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É na rua que o mundo acontece. A casa dentro de nós a todo instante se expande, mas a casa a céu aberto é infinitamente maior. Um lugar que é para ser nosso, que comporte nossos trajetos, planos, avanços, desejos em comum. Um lugar vívido. Não apenas passagem, não apenas concreto cinza. A rua tem um quê de permanência. Guarda histórias. Clama cuidados. O ato de cuidá-la renova sentidos, constrói caminhos, alimenta a estima coletiva, fortalece o pertencimento. Une, acolhe, aconchega. Em Porto Alegre, na Vila Safira, bairro Mario Quintana, a rua Luiz Sibemberg transmite vitórias. Inspirados na memória de “Vó Chica” (senhora que viveu por ali até os 107 anos, cheia de energia e solidariedade), um grupo de moradores, liderados por Cláudio Pagno, pinta calçadas e casas a fim de manter a positividade no itinerário de suas rotinas e convivências — ainda que alguns acontecimentos ameacem descolorir o otimismo. Uma rua colorida torna-se imbatível: vence o desbotamento das notícias ruins. Supera a violência. Sobrepõe tons quentes à frieza, ofusca tudo aquilo que destoa da imensa paleta do espírito comunitário.


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