Festejos da maturidade

Festejos da maturidade

Senhores de si, senhores do tempo. A emoção de viver o instante como se fosse o último — e também o primeiro. A maturidade de sentir os pés no chão e a fantasia de voar longe.

Alina Souza

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Enquanto dançava, vez ou outra fechava os olhos, tocando as lembranças de toda uma vida, reencontrando a menina que um dia fora. Assim como ela, outras senhoras (e, em menor número, senhores), bailavam e expressavam a alegria, tantas vezes esquecida sob a densidade do envelhecimento. O evento fazia parte da programação do “Outubro Prata”, mês de celebração da população idosa. População esta que muitas vezes é vítima de trapaças, preconceito, violência, violação de seus direitos. Além dos reveses do corpo que se debilita, os idosos precisam enfrentar uma sociedade contaminada pela ganância, falta de empatia, covardia. Muitos sujeitos não são capazes de pensar que um dia chegarão a esta fase e irão desejar o respeito dos demais. Lamentável. Mas, quero voltar a falar da energia transbordante dos idosos em festa. Senhores de si, senhores do tempo. A emoção de viver o instante como se fosse o último — e também o primeiro. A maturidade de sentir os pés no chão e a fantasia de voar longe. Depois de muitas batalhas, o momento de se permitir aos festejos, às medalhas, às risadas, ao merecido descanso.


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