Na rua, sem culpa

Na rua, sem culpa

Alina Souza

Passeio na frente da Bibliotheca Pública Pelotense.

publicidade

A casa fechada asfixia. A rua chama. A mente teme, as notícias assustam. Persiste a avidez de passear, sentir paisagens, ouvir o apelo da liberdade. Entre muros, sentada na poltrona, ela não quer ficar. Ainda mais quando o domingo bate à porta e a luz invade as frestas, mostra que o dia cresceu, inscrito no céu, na praça, nas calçadas. Pena que existem tantas sombras e desafios. Abrir cadeados, grades do inconsciente e, ao mesmo tempo, atentar para os diversos lados. Mesmo dentro do contexto da criminalidade imprevisível, muitos apontam o dedo para as vítimas. Há quem diga “pediu para ser assaltada”. A liberdade sabe que a culpa não lhe pertence, não quer trancafiar-se em julgamentos. As críticas aparecem porque ela caminha sozinha, fotografa com o celular. "Você tem que parar de fazer isso", aconselham. Não, o que precisa parar é a criminalidade. A moça inquieta só quer expressar o que está preso no fundo do olho. Teimosa, enxuga as lágrimas e segue. A vida é o que mais importa. 

Texto e fotos: Alina Souza


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895