Partículas

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Alina Souza

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Inocência, espontaneidade, sintonia. Simples e translúcido instante. A brincadeira parecia não ter fim em meio à grandeza de um dia de verão. A praia ajudava a despir preocupações, a libertar infâncias interiores. Um rapaz interagia alegremente com suas irmãs — talvez primas, talvez sobrinhas. Família, enfim. Chutavam água uns nos outros, faziam daqueles respingos uma chuva de contentamento. O sol criava silhuetas sobre um fundo com matizes prateados. E a repórter fotográfica que aqui escreve se sentia grata pela cena tão bela: as silhuetas nos aproximam, trazem a essência de nós mesmos; universalizam. Nelas não há nomes, classes e outras distinções rasas. Destacam-se apenas movimentos, gestos, contornos, possibilidades. Reconhecemos algo de nós dentro das partes semi-escuras. Tocamos memórias, alcançamos sentidos entre as sombras que revelam o quanto estamos de frente para a luz. E ela inebria. De repente, uma tempestade de partículas cintilantes que devolvem a consciência de soltura, a percepção de que a vida merece ser banhada de sentimentos. Às vezes discreta em uma aura de brandura, outras vezes inundada de intensidade.


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