Prole

Prole

Alina Souza

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Há uma década acompanho edições da Expointer e, ainda assim, não paro de me encantar com os animais na Feira. Observo como as mães zelam pelos filhotes em seus primeiros dias de vida. Algumas são mais liberais e deixam o público se aproximar. Outras tornam-se arredias quando veem as diversas mãos tentando tocá-los. Apesar das diferenças, todas têm em comum a prioridade do cuidado da prole nos instantes iniciais. Amparo quando eles não conseguem ficar em pé. Afago quando sentem frio. Disponibilidade (e disposição) quando querem mamar. O afeto não é uma invenção nossa. Vem da natureza. Às vezes, determinados problemas o inibem, o confundem. Contudo, permanece em estado latente e revela-se ao sentir a ameaça de perda. Manifesta-se seja através da fúria em espantar os possíveis inimigos, seja através de conselhos ao pé do ouvido da pequena cria. Tempos depois, a mãe se distancia do filhote. O que não significa perda, tampouco frieza: ela deseja que o cordeiro cresça e vença campo afora; e leve consigo as lições proferidas entre gestos de amor.


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