Que pressa é essa?

Que pressa é essa?

Quase fui atropelada duas vezes nos últimos dias. Em ambas situações eu atravessava sobre a faixa de segurança e o sinal estava fechado para os motoristas.

Alina Souza

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Semáforo vermelho. Espere. A calma ficou perdida entre as corridas. Parte da sociedade está enferma e os sintomas são nítidos: a ânsia de chegar primeiro, a impaciência, a despreocupação com o tempo do outro, a distração, o escape. Quase fui atropelada duas vezes nos últimos dias. Em ambas situações eu atravessava sobre a faixa de segurança e o sinal estava fechado para os motoristas. Em pleno domingo ensolarado, um carro descia veloz a rua Barão do Amazonas, e pensei “ele vai parar, estou no meu direito”. Não, ele ignorou minha existência. Tive de correr e, mesmo assim, tirou fininho de mim. Nesta semana, em outra rua próxima, aconteceu algo parecido, a diferença era a noite, mas havia postes de luz iluminando a via, e eu bem evidente, com roupas coloridas. O motorista mexia no celular e acelerou em minha direção. Eu me pergunto: Somos invisíveis frente à ansiedade de responder mensagens? Frente à ostentação de máquinas e motores e à suposta rebeldia de desprezar as leis, regras, limites? Somos invisíveis frente à pressa de abreviar a vida?


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