Sentir, sentidos, sentimentos

Sentir, sentidos, sentimentos

Um lençol branco ao vento tem a sua potência: toca e se enrosca em vivências adormecidas.

Alina Souza

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Apreciei algumas obras da 13ª Bienal do Mercosul e depois fiquei encontrando arte por toda parte. De fato, a arte está no caminho, depende de como ressignificamos o que vemos pela frente e recombinamos com o que nos arrebata por dentro. No campo poético, importa mais sentir do que entender. Deixar-se conduzir pelos devaneios, ideias, sensações. Um lençol branco ao vento tem a sua potência: toca e se enrosca em vivências adormecidas. A artista Karola Braga trouxe este elemento, acompanhado de aroma, para o Cais Mauá. Incrível observar, através da Bienal, como aspectos do cotidiano podem evocar sentidos além da superfície. Estímulos para ver a plasticidade, a harmonia em meio à assepsia, ao corriqueiro, ao urbano. Trata-se também de uma provocação. O intuito de desacomodar, instalar a dúvida. Será que é tão importante a compreensão de tudo, mesmo quando as texturas escapam da razão, dos conceitos obtusos? Será que não vale mais estendê-las sob o céu de sentimentos soltos, sob a brisa que adentra as fibras e reaviva o tecido fosco?


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