General Setembrino de Carvalho chega a Porto Alegre

mia compacta multidão , não só as sacadas desse hotel, como as de todas casas proximas estavam totalmente occupadas por exmas. familias. Da sacada do Grande Hotel do primeiro andar o ministro da Guerra se dirigiu ao povo. Em seu discurso Setembrino falou que: “o governo da República, que neste momento represento, compartilha desta dôr cruciante que fere o coração do povo gaucho”. A grande massa popular que, no decorrer do discurso do illustre ministro da Guerra vibrava de quando em quando, rompeu em delirantes acclamações áquelle titular, ao Exercito Nacional, ao dr. Assis Brasil e a todos chefes revolucionarios. Tomou, então, o general Setembrino de Carvalho logar num dos elevadores, afim de se transportar aos seus aposentos. Poucos instantes depois ouviu-se, em meio da multidão, um tiro. Em seguida, a isso, as praças da escolta presidencial da Brigada Militar que se achava na embocadura da travessa Paysandu, á esquina da rua dos Andradas , fizeram uso de seus revólvers.

DIVERSAS 

Chegou a esta capital, hontem, o general Setembrino de Carvalho, ministro da Guerra - S. ex. foi recebido

porimponentemanifestação de apreço - Quando esta terminava, desenrolaram-se sangrentas scenas que enlutaram a cidade.

Houve oito mortos, sendo muito elevado o numero de feridos - A cidade apresentava, hontem, por motivos da chegada do general Setembrino de Carvalho, o aspecto dos dias festivos, vendo-se o pavilhão Nacional hasteado em numerosas casas commerciaes e particulares, que assim attenderam ao pedido da commissão promotora da recepção a s. exa. O commercio cerrou as suas portas. Á chegada de s. exa. estava marcada para as 16 horas, vindo de Santo Amaro. Entretanto, a lancha “La France” antes das 15 horas, vinha navegando em frente ao largo da praça Martins Lima, accorrendo, então de todos os pontos da cidade , ao cáes do porto, afim de receber o ministro da Guerra, altas autoridades, representantes de todas as classe sociaes, além de enorme multidão. Ao se approximar a lancha “La France”, o povo prorompeu em enthusiasticos vivas ao Exercito, ao Brasil e ao ministro da Guerra. Contornando a praça Senador Florencio, pela rua 7 de Setembro, do lado da Caixa Economica, os manifestantes foram acompanhando o ministro da Guerra até o Grande Hotel, a cuja frente já se pre 

TELEGRAMMAS

A multidão, apavorada e surpreendida, entre a qual havia, inumeras senhoras e senhoritas, entrou a correr desordenadamente. Alguns populares armados de revólver, responderam ao fogo travando-se intenso tiroteio. Viam-se senhoras, que, na ancia de fugir do perigo iminente da morte tombavam no chão, do outro lado eram creanças perdidas que acabaram parando na nossa redacção, que perdidos dos seus choravam desoladamente. Attingida no pulmão por um balaço a senhorita Joyce Almeida de 13 annos veiu a desfallecer. Na frente da Santa Casa, uma verdadeira multidão, que, tambem occupava a sua escadaria, aguardava a chegada de feridos, na desesperadora ancia de encontrar, entre elles, algum parente ou desconhecido. As victimas da sangrenta tarde, eram para lá transportadas nas ambulancias e em macas particulares. O aspecto da cidade á noite, era deveras desolador. Os cafés que já haviam cerrado as suas portas, á tarde, por occasião dos tiroteios, não mais abriram. O Exercito patrulhou o Centro que estava deserto. 

A grafia da época está 

preservada nos textos acima

CRONOLOGIA

O dia 2 de novembro na história
1906 - Leon Trotsky é condenado à deportação para a Sibéria. 
1920 - Primeira emissora de rádio do mundo é inaugurada nos EUA. 
1948 - Harry Truman é reeleito presidente dos EUA.
1975 - Morre o cineasta italiano Pier Paulo Pasolini.