A história nunca contada

A história nunca contada

Um engenheiro e um arquiteto garantem uma fortuna para o Grêmio

Hiltor Mombach

Área do estádio Olímpico, em Porto Alegre, está abandonada

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Final de 2013. O engenheiro civil e de segurança do trabalho Evandro Krebs e o arquiteto Marcos Almeida entregam para Fábio Koff um relatório apontando graves falhas não apenas na qualidade dos assentos do estádio: 1,4 mil cadeiras eram fantasmas e haviam cerca de 1,8 mil pontos em que a visão dos torcedores era prejudicada, os chamados pontos cegos.

Era tudo o que Koff precisava para peitar a OAS, ele que já vinha brigando com a direção da construtora havia tempo. Koff exigiu ressarcimento. Até aqui, o leitor que me acompanha conhece a história. Mas há uma história nunca contada.

Koff havia conseguido desmontar um aditivo funesto para o Grêmio e que obrigava a repassar mais de R$ 40 milhões por ano para a OAS (que andou trocando de nome) por conta da migração dos sócios do estádio Olímpico para a Arena. Fosse mantido tal aditivo e as chances da instituição estar quebrada hoje seriam enormes.

Koff bateu de frente com a OAS que aceitou pagar R$ 12 milhões por ano pela migração, valor reajustado para R$ 15 milhões num segundo momento e R$ 18 milhões depois. Valor corrigido. No ano passado bateu nos R$ 21 milhões.

Diante da gravidade do fato, o Grêmio não depositou os R$ 12 milhões pela migração em 2013. Teria feito um pagamento de R$ 3 milhões. Ou seja, a vistoria de Krebs e Almeida garantiu ao clube um fôlego de R$ 9 milhões. Desconheço fato igual na história desta centenária instituição. 

Outra compensação foi a liberação de recursos para a construção do CT Hélio Dourado. Estima-se que a vistoria das cadeiras tenha rendido ao clube cerca de R$ 30 milhões. Na época, Koff pediu sigilo sobre o fato. 

Por ironia, um dos garantidores dos R$ 30 milhões, Evandro Krebs, foi preterido por Romildo Bolzan, sucessor de Koff, para integrar o Conselho de Administração.

Até hoje, Grêmio, construtora e seus penduricalhos seguem brigando. A parceria só deu certo antes da construção da Arena.  


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