A Seleção de Dorival tem Dunga. Obrigado, Dorival!

A Seleção de Dorival tem Dunga. Obrigado, Dorival!

Os pedantes que se dizem analistas de futebol e não de resultado até hoje não compreendem a eliminação. Os parnasianos ofereceram em sacrifício o volante Dunga.

Hiltor Mombach

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A participação brasileira na Copa de 1990 foi a pior desde 1966, pois a Seleção caiu ainda na primeira fase.

O Brasil venceu os três jogos da fase de grupo e caiu diante da Argentina. Perdeu quando fez seu melhor jogo, acertando três na trave.

Os pedantes que se dizem analistas de futebol e não de resultado até hoje não compreendem a eliminação. Os parnasianos ofereceram em sacrifício o volante Dunga.

Por tabela, imolaram o futebol gaúcho, para eles tosco e defensivo. As manchetes no centro do país davam conta do “fim da Era Dunga”.

Em 1994, Parreira cometeu o sacrilégio de chamar outra vez Dunga. E desafiou os parnasianos sacando Raí e colocando Mazinho. Trocou um manequim em campo até então por um volante.

Com Zinho armando, dois atacantes apenas (Beneto e Romário) e três volantes (Dunga, Mazinho e Mauro Silva) Parreira reabilitou Dunga e, por tabela, um estilo de jogar futebol, o gaúcho.

Os parnasianos não gostaram e meteram pau no tetra.

Nesta semana, em entrevista ao jornal inglês The Guardian, o treinador da Seleção Brasileira, Dorival Júnior escolheu a sua seleção de todos os tempos: Emerson Leão; Cafu, Bellini, Aldair e Roberto Carlos; Dunga, Zico e Rivellino; Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Romário.

Disse que Pelé não está na lista porque “ele não é humano”. Sobre Dunga: “Pela sua história e por tudo que representou para a Seleção, ele realmente merece estar lá.”

Eis que surge, numa sentença de Nelson Rodrigues, a crudelíssima realidade: “Pode parecer uma verdade exagerada, violentada, mas eu diria o seguinte: no Brasil, a glória está mais no insulto do que no elogio. Se não me entendem, paciência. Mas ouçam uma boa e honrada conversa de brasileiros com brasileiros. Reparem como nós cochichamos o ditirambo e berramos o ultraje. Por coincidência, só ultrajamos os melhores.”

Para os parnasianos, Dunga será perpetuado pelo demérito e saqueado em seu mérito. Dormirá chumbado aos acontecimentos de 1990. Para Dorival e para este colunista, que gosta de taça no armário, de título e de conquistas, Dunga será lembrado como campeão de 1994.

Em 1990, condenando Dunga, muitos analistas esperavam condenar na verdade o estilo gaúcho de jogar futebol. Lembro de uma das manchetes dos jornais do centro do país: “Fim da Era Dunga”. Leia-se: fim de um estilo, o gaúcho.

Não é toda verdade que o centro do país decretou o fim da era Dunga: toda verdade é que jurou sepultar o estilo rústico de se jogar, o estilo gaúcho. Meus amigos, essa é a verdade verdadeira.

Grande Dorival. Obrigado Dorival.


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