Brasil x Argentina, a história de uma rivalidade

Brasil x Argentina, a história de uma rivalidade

Quando caímos na Copa de 2006, los hermanos trataram nossa Seleção como a "MerdeAmarela". Em 2007, depois que o Brasil meteu 3 a 0 na Argentina na final da Copa América, escrevi: “Levar 3 a 0 do "MerdeAmarela B" fede mais. Fede em Londres.

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Disse que escreveria sobre a rivalidade Brasil e Argentina. Quando do começo da Copa da Rússia, escrevi o seguinte texto.
Lembrei da Copa da França. Assisti Argentina x Inglaterra no centro de imprensa, em Paris.
Metade torcia loucamente pela Argentina.
Eram os argentinos declarados.

A outra metade, a metade silenciosa, secava.
Éramos nós, brasileiros, e quase o restante dos jornalistas do mundo.
Numa das colunas enviadas da França escrevi o seguinte:
"Recebo um e-mail diferente.
O cidadão me pergunta porque torço contra a Argentina.
Respondi que não torço contra: apenas não torço a favor.
Pode parecer a mesma coisa, mas não é.
Fizeram uma pesquisa entre os argentinos para saber qual seleção eles não querem campeã na França.

Não, a pesquisa era para saber que país eles não querem de forma alguma que seja campeão. Deu Brasil e acrescento: disparado. Veja: só 9% dos argentinos não queriam que a Inglaterra fosse campeã. Os ingleses ficaram em segundo. E o Brasil?
Liderou absoluto, com 30% de antipreferência portenha".
Quando caímos na Copa de 2006, los hermanos trataram nossa Seleção como a "MerdeAmarela".
Em 2007, depois que o Brasil meteu 3 a 0 na Argentina na final da Copa América, escrevi:
“Levar 3 a 0 do "MerdeAmarela B" fede mais. Fede em Londres.
Não vai muito, a jornalista Marcia Carmo enviou de Buenos Aires para a BBC Brasil uma reportagem que levou este título: "De onde vem a rivalidade entre brasileiros e argentinos?".

Vou retirar trechos. Caso o leitor quiser conferir a matéria na íntegra basta acessar o site da BBC Brasil.
“Coautor de Brasil e Argentina: Um Ensaio de História Comparada (1850-2002), escrito em parceria com o argentino Fernando Devoto, o historiador e cientista político brasileiro Boris Fausto conta que essa rivalidade nasceu no campo político.
"Começou no século 19, quando os dois países foram se configurando como os dois mais importantes do Cone Sul, com pretensões à hegemonia, à superioridade. E isso se cristalizou"....

..”Para o cientista político argentino Rosendo Fraga, os dois países "herdaram a disputa entre Portugal e Espanha pelo controle do Rio da Prata" - o que, na história brasileira, culminou na Guerra da Cisplatina (1825-1828). A exemplo de Fausto, ele cita a disputa política do século 19 como um momento determinante para a gestação desse clima de animosidade. "A Argentina foi se projetando como o único país da América do Sul com possibilidade de competir com o Brasil pela liderança regional."

...O cientista político e escritor argentino Vicente Palermo, autor de La alegria y la pasión - relatos brasileños y argentinos en perspectiva comparada ("A alegria e a paixão - relatos brasileiros e argentinos em perspectiva comparada"), afirma que "historicamente era comum que argentinos olhassem para os brasileiros com olhar superior". A explicação estava nas diferenças entre as histórias do países - incluindo seu processo de colonização. A Argentina costumava ser definida como "mais homogênea e igualitária"; o Brasil, "mais diverso e desigual.

Mas Palermo avalia que tudo mudou nos anos da ditadura argentina (1976-1983), quando o país, antes pujante e de classe média, passou a encarar problemas como a pobreza similares ao do Brasil, então culturalmente visto por lá como uma nação de "pobres e negros".
Hoje, diz, os argentinos olham para o vizinho de outra maneira, como um ator global de peso.

"A Argentina mudou completamente sua visão sobre o Brasil.
E o Brasil mesmo processou seu complexo de vira-lata e deixou de se ver como pequeno", disse o cientista político, que já morou no Brasil, citando frase de Nelson Rodrigues. Para Palermo, o problema é que os "clichês" se mantiveram - e acabam contribuindo para alimentar a rivalidade. "No geral, a percepção dos brasileiros é que os argentinos são soberbos, politizados e aguerridos. Os argentinos, por sua vez, acham que os brasileiros são sinônimo de mulatas bonitas, natureza e futebol - sim, porque apesar da rivalidade em campo, aqui admiram muito o futebol brasileiro."

Quem foi melhor, Pelé ou Mararona?
O colunista Juca Kfouri escreveu uma coluna que levou o título de “Comparem Maradona a Mané. E a Pelé o que é de Pelé.”
Disse que Quem viu Pelé e Maradona não pode ter dúvida sobre quem foi o melhor jogador do século no mundo. Quem não viu, mas pelo menos leu, também.
Pelé não só foi muito mais completo do que o genial argentino, como ganhou muito mais títulos e fez muito mais gols. Agora, quem viu Garrincha e Maradona até pode ter alguma dúvida.

Assim como don Diego em 1986, no México, Mané também carregou uma seleção nas costas para dar-lhe um título mundial em 1962, no Chile. E, malabarismo por malabarismo, sei não, a resposta é mesmo difícil...
Enfim, tenho certeza de que, mesmo na Argentina, quem viu Pelé e Maradona não tem dúvida sobre quem foi o melhor.”
A rivalidade entre Brasil e Argentina só não se discute quando entram em campo fatos incontestáveis, como o número de Copas do Mundo conquistadas por cada país.
Temos cinco títulos e los hermanos dois. É goleada.


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