Carta a Barcellos

Carta a Barcellos

Presidente, o time encerrou as últimas três temporadas sem um único garoto formado na sua gestão como titular

Hiltor Mombach

publicidade

Alessandro Barcellos. Certamente, como presidente do Inter, conhece o hino do clube de cor e salteado. Leva o nome de Celeiro de Ases. É de Nelson Silva.

“É teu passado alvi-rubro/ Motivo de festas em nossos corações/ O teu presente diz tudo/ Trazendo à torcida alegres emoções/ Colorado de ases celeiro...”

Também deve lembrar da promessa feita por escrito em carta enviada ao Correio do Povo em 15/12/2020: “Nossas metas são claras para a base: representar 40% da equipe profissional e no mínimo 4 jogadores na equipe titular.”

Presidente, o time encerrou as últimas três temporadas sem um único garoto formado na sua gestão como titular.

Depois desta abertura, das explicações, entro o assunto.

Um levantamento do Observatório de Futebol CIES divulgado ontem indicou que o Benfica teve a base mais rentável do mundo nos últimos 10 anos com receitas de R$ 2,77 bilhões.

O Flamengo é o clube com a base mais rentável fora da Europa. Figura em 13º no ranking mundial, com receita de R$ 1,22 bilhão.

O levantamento traz os 100 que mais geraram receita nos últimos 10 anos com os atletas formados em suas bases. Vale para jogadores que passaram pelo menos três temporadas em cada clube tendo entre 15 e 21 anos.

O levantamento traz os 100 clubes que mais geraram receita nos últimos 10 anos com os atletas formados em suas bases. O critério leva em conta apenas jogadores que passaram pelo menos três temporadas em cada clube tendo entre 15 e 21 anos.

Outros cinco brasileiros aparecem no Top 100: Fluminense, em 36º (758 milhões); Grêmio, em 40º (R$ 715 milhões); Corinthians, em 51º (R$ 561 milhões); Vasco, em 54º (R$ 545 milhões); e Athletico Paranaense, em 66º (R$ 450 milhões).

Presidente, o Inter está na contramão da história. Da própria história da instituição. E cabe ao senhor, como comandante, colocar as coisas nos devidos eixos..

O Inter já viveu tempos que deixaram saudade. De 2003, primeiro ano do Campeonato Brasileiro de pontos corridos, até 2011, o clube faturou R$ 411 milhões com venda de jogadores.

Durante esse período, se desfez, por exemplo, de Alexandre Pato, Oscar, Fred, Nilmar (duas vezes), Alex (meia), Sandro, Giuliano, Taison, Rafael Sobis, Juan, Edinho, Danilo Silva, Walter, Ceará, Jorge Wagner...

Só em 2013 foram R$ 123,7 milhões em vendas. Chefão no Brasil em vendas de 2003 a 2013, pulverizou o segundo colocado, o São Paulo, que bateu nos R$ 287 milhões. Uma diferença de R$ 124 milhões em favor do representante gaúcho. O Grêmio era então apenas o sétimo neste ranking, com R$ 154 milhões.

Hoje, a gangorra das vendas domésticas pende quase que exclusivamente para o lado da Arena. Apenas duas negociações da base, Pedro Rocha e Arthur, ultrapassaram os R$ 150 milhões.

Muitas coisas são incompreensíveis. Pelo menos para este colunista. Se entendi bem, o clube investirá R$ 44 milhões na base em 2024. Somadas as últimas três temporadas, investiu mais de R$ 100 milhões. São R$ 100 milhões para não formar um único titular? Até goleiro o clube comprou.

Repito: cabe ao senhor, como comandante do clube, fazer valer o hino. Ótimo ano para o senhor e para os seus.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895