Cinismo

Cinismo

Há um Brasil que se verga deleitado à Seleção, filha de uma maldita, a CBF.

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Há um recheio de aridez, um vazio e um cinismo escancarado no debochado manifesto dos jogadores contra a realização da Copa América no Brasil.
Patético, o funesto manifesto tenta revelar que a nata nababa desta Pátria em Chuteiras está solidária, fechada com o povo brasileiro, inclusive o povo que passa o pires e vasculha as lixeiras, no combate à frenética e devastadora pandemia.
"Temos uma missão a cumprir com a histórica camisa verde amarela pentacampeã do mundo. Somos contra a organização da Copa América, mas nunca diremos não à Seleção Brasileira" diz a nota.
Pura retórica. Escárnio! Gabigol foi detido em cassino ilegal. Neymar ironizou festa para 500 pessoas e disse que todos 'merecem celebrar a vida'.
E então, para o horror de um país que sepulta dois, três, quatro mil mortos por dia, que logo vai bater nos 500 mil enterrados, os nababos são contra a organização da Copa América!
São contra, assinam um manifesto dizendo que são contra, mas vão jogar a Copa América. É de ferir de morte gesto tão mesquinho. Deveriam se despir de qualquer descaramento e confessar sem pudor que Seleção é vitrine, rende fortunas e dá premiação.
Vai muito tempo Mário Fernandes disse não à Seleção, escandalizando a pátria em chuteiras. 
Há um Brasil que se verga deleitado à Seleção, filha de uma maldita, a CBF. Mário Fernandes pareceu não padecer de selecionite. Cometendo uma verdade exagerada diria que o imberbe lateral surgiu como o anti-Brasil, a negação de um Brasil que transformou a camisa canarinho em palco de negócios e negociatas, de conluios e relações por interésses financeiros.
Um provérbio diz que “há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”. Que oportunidade perdida de mostrar respeito, reverência, a um Brasil que caminha enlutado, pandêmico, aos médicos, médicas, enfermeiros, enfermeiras... 


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