Como o futebol na Arábia Saudita e nos EUA tem tudo para se tornar o novo normal

Como o futebol na Arábia Saudita e nos EUA tem tudo para se tornar o novo normal

Mais do que o nível técnico das competições, é o dinheiro que está fazendo a diferença em 2023

Carlos Corrêa

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Carlos Corrêa / Interino

Nos anos 1980 e na primeira metade dos anos 1990, o único campeonato de fora do Brasil a que o torcedor tinha acesso no país era o italiano. Era também um dos mais, senão o mais relevante naquele momento. A partir da TV fechada, foi possível acompanhar novas competições e não demorou muito até os campeonatos inglês e espanhol se tornarem os mais procurados, uma lógica que se manteve assim desde então. Por todo o status que as ligas europeias mantiveram ao longo do tempo, o torcedor via com naturalidade a ida de jogadores para esses mercados. Afinal de contas, se paga melhor lá e o nível de competitividade é muito maior.

Quando Cristiano Ronaldo, um dos maiores da história, aceitou ir para o futebol árabe, pareceu estranho, mas enfim, ele já estava em final de carreira. Só que árabes resolveram pegar pesado. Mais do que promover o campeonato local, a Arábia Saudita quer porque quer sediar uma Copa do Mundo. E não vai poupar grana. Em vez de comprarem um time europeu, como o City ou o PSG, resolveram investir o mundo e mais um pouco nos clubes locais. E como dinheiro lá não é problema, a lista de reforços recentes dos times sauditas inclui gente do patamar de Benzema, Kanté, Mendy e Firmino. Nessa semana, veio a informação que o Al-Hilal estaria disposto a pagar pornográficos 300 milhões de euros (R$ 1,5 bilhão) ao PSG para ter Mbappé. O jogador receberia um salário anual de 700 milhões de euros, mais de R$ 3 bilhões. Isso mesmo, você não leu errado.

Paralelamente, Messi, aquele que poderia escolher onde jogar, optou pelo inexpressivo Inter Miami, da Liga dos EUA. Vendo os gols dele, mais parece alguém jogando videogame no nível fácil, tamanha a falta de competitividade da competição. O problema é que se Messi e Cristiano Ronaldo vão para ligas menores, sinalizam que esse pode ser o caminho para outros. Bom para eles que vão ganhar (ainda mais) dinheiro. Ruim para o futebol, que nesse novo normal tende a ter competições cada vez piores.


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