Como o Nova Iguaçu, adversário do Inter na Copa do Brasil, virou a surpresa do Campeonato Carioca

Como o Nova Iguaçu, adversário do Inter na Copa do Brasil, virou a surpresa do Campeonato Carioca

Equipe teve a segunda melhor campanha da fase classificatória e conta com o ex-jogador Andrezinho como coordenador técnico

Carlos Correa

Nova Iguaçu enfrenta o Vasco neste domingo, pelo Campeonato Carioca

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Carlos Corrêa / Interino

Na quarta-feira, o Inter vai a Brasília para enfrentar o Nova Iguaçu pela Copa do Brasil. Quem vai só pelo nome, pode achar que é uma barbada para o time de Eduardo Coudet. Não é. O time carioca é a grande surpresa do campeonato estadual. Na primeira fase, terminou atrás apenas do Flamengo. Classificou para as semifinais, onde vai enfrentar o Vasco, neste domingo, no jogo de ida. Na fase de classificação, bateu os vascaínos, com titulares e tudo, por 2 a 0. Na Copa do Brasil, estreou com uma goleada de 8 a 0 sobre o Itabuna. Procurei então por alguém que me contasse mais sobre o Nova Iguaçu, que tem como coordenador técnico Andrezinho, aquele mesmo ex-Inter. Falei então com Gabriel Andrezo, do site Acesso Carioca, que acompanha de perto a equipe. A seguir, alguns trechos da nossa conversa:


A campanha do Nova Iguaçu surpreende?
Sim e não. O Nova Iguaçu montou um elenco sem jogadores badalados. Só com rodagem por times pequenos do Rio de Janeiro mesmo e um ou outro que passaram pelos grandes, mas sem muito brilho. Mas compensou com um trabalho tático muito bom, é um time que encaixou muito bem. E com boas peças individuais que não haviam brilhado antes, como é o caso do (atacante) Carlinhos. Ele havia jogado duas temporadas no Audax e, se não me engano, fez dois gols, e só nesse ano tem 9. E também se deve ao trabalho do Carlos Vitor, que conhece muito bem o clube. Mas esse ano, antes de começar, ninguém esperava que fosse um trabalho tão bom.

A boa campanha aumentou o assédio de outros clubes sobre os jogadores?

Com certeza. O Carlinhos já está foi sondado por clubes grandes aqui do Rio. O Nova Iguaçu fez contratos longos com a maioria dos jogadores, se resguardou, que é pra poder arrumar um dinheiro. E essa situação do (lateral) Ítalo sendo vendido para fora (foi negociado para o Al Hussein, da Jordânia) foi neste sentido, acabou caindo muito bem para o clube. E com certeza os jogadores estão ganhando uma projeção maior por conta desse trabalho e rendimento que estão tendo neste ano. Vai ser difícil segurar o Carlinhos para a Série D.


O time pode surpreender nas fases finais do Campeonato Carioca?
Pode, mas em dois jogos é mais difícil. Para o pequeno, em jogos de ida e volta é mais complicado porque, se for 90 minutos, como na Copa do Brasil, o time se fecha, ainda mais com pênaltis como é na segunda fase, campo neutro como vai ser em Brasília... Mas aí seria uma proposta muito diferente do que o Nova Iguaçu vem jogando, é um time ofensivo, que joga para cima. Mas a discrepância em relação ao Inter é muito grande. A chance existe. Mas no Carioca, contra o Vasco, fazer dar certo em duas partidas, mesmo com a vantagem do empate, é complicado. Na Copa do Brasil é igualmente difícil, mas a circunstância da eliminatória, talvez o Nova Iguaçu tenha uma chance um pouquinho maior.


Vender o mando de campo e abrir de jogar em casa não tira o que seria uma vantagem do time carioca?
De certa forma já era esperado que não jogasse no Jânio Moraes (Laranjão) contra o Inter (por questões do regulamento). O que não era esperado era que vendesse o mando. Diretoria poderia dizer que é para não ter um prejuízo muito grande. Mas seria um prejuízo tão maior do que a premiação da própria Copa do Brasil? Jogando aqui no Rio, mesmo que não no seu estádio, acho que teria mais chance sim. Campo neutro fica mais complicado.


O Nova Iguaçu está envolvido nas semifinais do Carioca. O jogo da Copa do Brasil é entre os dois jogos contra o Vasco. Existe alguma prioridade? O comportamento contra o Inter depende do jogo contra o Vasco?
Acho que faz diferença sim. Se o Vasco fizer 3 a 0 no primeiro jogo, a gente sabe que o Nova Iguaçu não vai fazer 3 a 0 na volta, então isso poderia influenciar. Mas digamos que seja um empate qualquer, que o time chegue ao segundo jogo com a vantagem do empate... Mas tem a questão física e logística. E aí que acho que sai caro. O Nova Iguaçu vai jogar domingo no Rio e a outra semifinal é sábado. São seis dias entre um jogo e outro. E no meio uma viagem que tem que chegar um dia antes. E não tem como poupar ninguém. São os três jogos mais importantes da história do clube no espaço de uma semana. Se perder de muito, não tenho dúvida que vai focar no meio da semana. A questão é se vai ter perna. Já seria difícil para um grande, imagina um pequeno. Mas prioridade não existe. Se tiver a chance de ir bem nos dois, vai tentar ir bem em ambos.

O Andrezinho, coordenador técnico do Nova Iguaçu, até hoje é um cara muito querido pela torcida do Inter, por onde passou como jogador com muito sucesso. Como tem sido o trabalho dele no clube aí?

Andrezinho está indo muito bem. É um cara que realmente abraçou o Nova Iguaçu. Chegou como jogador no fim da carreira, ganhou uma afeição grande pelo clube, teve uma amizade muito grande com o presidente Jânio Moraes logo de cara e isso foi determinante para que ele ficasse na função de dirigente. E está indo bem, montando o time, tendo uma visão gestora, e passando os ensinamentos em termos de futebol. Ele é um membro fixo da comissão, mas ajuda diretamente na gestão de grupo, indicando jogadores e passando o que aprendeu ao longo da carreira. A longo prazo, foi, tem sido e tenho certeza que será muito útil ao Nova Iguaçu. Inclusive depois da classificação no Carioca estava emocionadíssimo. Disse que trocaria todos os momentos que viveu na carreira, e olha que foram muitos, como aquele gol no Inter contra o Flamengo, os títulos… trocaria tudo para ter uma chance de viver isso com o Nova Iguaçu.


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