Entrevista com Romildo Bolzan

Entrevista com Romildo Bolzan

"A compra da gestão da Arena é mais uma situação de pertencimento, de orgulho e de gerar uma situação de o Grêmio gerir o seu próprio equipamento"

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O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, responde neste pingue-pongue perguntas enviadas por este blogueiro por e-mail.

O Grêmio tem a maior folha salarial da história, cerca de R$ 14 milhões. Seria possível montar um time competitivo com menos?

Há um equívoco nesta informação de R$ 14 milhões. O Grêmio tem uma folha prevista de R$ 9,5 milhões para o exercício, estamos hoje um pouco superior a isso, na ordem de R$ 11 milhões, mas retrocederemos mais adiante, porque alguns cumprimentos de obrigações, principalmente de bônus e luvas já estão passando e  isso irá diminuir a folha. Queremos finalizar 2019 exatamente na média do último ano, com os acréscimos normais, mas que correspondem à execução orçamentária. Posso garantir que não são R$ 14 milhões o custo da nossa folha. Os valores na faixa de   R$11 milhões que referi são brutos, ou seja, os salários, direitos de imagens e os encargos decorrentes desta situação.


O déficit mensal é de cerca de 7 milhões. Neste ano a possível venda de Everton cobrirá o déficit com a possibilidade de mais uma temporada superavitária. Mas e quando a fábrica parar de produzir jogadores com alto valor de mercado, como fica?

O Grêmio não possui mais um déficit mensal de 7 milhões. Tivemos um superávit no ano passado de R$ 54 milhões e neste ano já temos um superávit na ordem de 30 milhões na sua execução orçamentária até o mês de junho. Se acontecer algum negócio pelo  Everton, será exatamente mais uma situação de consolidação da solidez e da fortificação financeira do Grêmio. O Clube hoje mantém um equilíbrio absoluto nas suas contas, inclusive com fluxo de caixa completamente suportável, se todas as previsões acontecerem não havendo mais o déficit mensal de 7 milhões como havia anteriormente. O Grêmio hoje vive uma estabilidade, quase com fluxo de caixa equilibrado.

A compra da gestão da Arena possibilitará faturar quanto a mais por ano e de que forma?

A compra da gestão da Arena é mais uma situação de pertencimento, de orgulho e de gerar uma situação de  o Grêmio gerir o seu próprio equipamento. Ao fazer isso, o Grêmio poderá suportar muito mais atividades, do ponto de vista de produtos, ou seja, poderá melhorar seu Quadro Social, seu relacionamento com a torcida, melhor ocupação do estádio. Criar também uma condição de gerar mais receitas, incorporar definitivamente esse patrimônio, de uma maneira total, ao balanço do Grêmio e com isso gerir a sua renda com os efeitos dos jogos e das bilheterias, uma melhor condição de relacionamento com a sua torcida. Como o Olímpico gerava em torno de 22 milhões nos últimos anos da sua existência, um superávit de receita ao Grêmio, a Arena poderá  gerar muito mais. Hoje é uma situação muito diferente, porque o Grêmio na verdade pagará por isto num período e isso talvez criará uma situação de equilíbrio, mas a perspectiva do Clube é criar todo um processo de arrecadação superior a partir de novos produtos e principalmente a partir de uma nova situação que o Grêmio possa fazer e que já temos isso planejado exatamente  para acrescentar novas receitas ao Clube.

O presidente da CBF afirmou dias atrás de que os clubes já estão no comando do futebol brasileiro, de que não é necessária a formação de uma Liga. Isto confere?

A CBF tem a capacidade, o que faz muito bem, de organização dos campeonatos do futebol brasileiro e isso precisamos reconhecer. Mas não preenche a todos os requisitos políticos, as demandas políticas dos clubes. As questões corporativas dizem exatamente aos clubes. Situações de suas  legislações e de todas as ordens fiscais e tributárias, trabalhistas, a questão também da intermediação do futebol,  a regulamentação disso tudo, a criação da possibilidade de uma negociação melhor, gerar novos produtos, novas situações de negócios, melhores receitas para os clubes, isso as instituições podem fazer corporativamente e a CBF não responde por isso. Então os clubes não estão no poder da CBF. O poder da CBF tem um vício de origem, principalmente na sua eleição que não permite o acesso dos clubes porque eles têm um peso menor do que o das próprias federações. Então ali está estabelecido um poder e uma enorme capacidade de organização dos campeonatos, mas em relação à questão corporativa dos clube há um outro interesse, é uma questão que só os clubes podem demandarem e isso diz respeito aos clubes. Esta é a situação que vivemos politicamente e que só os clubes podem responder. Agora se os clubes estão no poder da CBF, eu diria exatamente que não.

A distribuição do pay per view mudará em 2020. Como ficará?

O PPV tem critérios de participação através de pesquisa, de conceitos pré-determinados ou valores fixados do ponto de vista mínimo, que isso dá uma aplicação dos percentuais dos bolos arrecadados, ou seja, do valor conferido ao PPV. Eu não sei se isso é justo ou injusto, mas a grande situação do futebol brasileiro continua sendo feita exatamente neste quesito. Ou seja, os clubes devem se organizar melhor, fazerem melhor os seus cadastros para a compra do PPV e isso vai refletir na arrecadação dos clubes. Eu ainda interpreto que seria uma situação muito importante, porque futebol não se joga sozinho, que o PPV fosse revisado principalmente a partir de alguma renda mínima distribuída a todos e principalmente depois dessa renda mínima distribuída,  verificar aquilo que pode ser de mérito, ou seja, de participação na audiência de cada clube. Eu acho que há critérios e espaços muito grandes para melhorar os critérios de distribuição do PPV ainda.

O senhor foi o primeiro a dizer e insistir no fato de que o VAR precisa ser mais transparente. Há pressão neste sentido?

O VAR é uma nova situação extremamente necessária e elogiável no futebol brasileiro. Entretanto, o VAR só será completo no momento em que a transparência for também completa, ou seja, terminado o jogo, os clubes terem acesso a tudo aquilo que foi objeto de avaliação, aquilo que foi decidido, de como foi julgado o lance ou como o juiz foi subsidiado, de como ele pudesse melhorar o seu diagnóstico ou poder de decisão. Acho que no momento que tiver transparência absoluta de tudo isso, praticamente teremos chegado à perfeição e à capacidade de errar muito pouco na arbitragem do mundo inteiro.

No caso do senhor buscar uma terceira eleição o Conselho de Administração seguirá o mesmo?

O Conselho de Administração do Grêmio hoje é um conselho muito experiente e que tem conteúdo sobre a visão de clube, visão estratégica dos comportamentos e das políticas adotadas. Poderá ser o mesmo ou com algumas mudanças, não se sabe se todos vão querer permanecer, também tem os grupos políticos que vão querer permanecer com sua área de influência. Mas se ficar todo o Conselho de Administração que está mantido hoje, será evidentemente um ganho muito grande e importante para a continuidade da política aqui executada. Este é o critério geral, agora o que vai acontecer lá na frente, o ajuste político e suas indicações estão restritos aos grupos, mas não se pode perder a essência, o conteúdo e principalmente a identidade de fazermos as coisas aqui no Grêmio como estamos fazendo neste Conselho de Administração


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