Injúria racial é um caso de polícia

Injúria racial é um caso de polícia

De Nestor Hein: "Não porque o Grêmio reconheça que os cânticos sejam racistas, mas porque eles causam mal-entendido e um desfavor"

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O texto que segue foi postado no blogue em em 31 de agosto de 2014.
É de Marinho Saldanha, do Do UOL (Porto Alegre)
"A torcida organizada Geral do Grêmio ignorou o pleito do clube e das demais organizadas, neste domingo. 
Em vez de comportar-se a fim de evitar qualquer manifestação racista, devido ao ocorrido na última quinta-feira no duelo contra o Santos, o grupo de aficionados manteve as músicas que se referem ao Internacional como ‘macaco’ e ‘macaco imundo’.
A cantoria que pode ser encarada como racismo começou no fim do primeiro tempo. 
Em tom alto, coordenados por aplausos, a torcida Geral do Grêmio cantou durante alguns minutos as músicas que se referem ao Internacional como ‘macaco’.
“Somos campeões do Mundo, da Libertadores também, chora macaco imundo, que nunca ganhou de ninguém”, diz uma das músicas. 
“Somos a banda mais louca, a banda louca da Geral, a banda que corre os macacos do Internacional”, completa o cântico.
De pronto, os demais torcedores começaram a vaiar.
E com isso as músicas pararam. 
Só que logo em seguira recomeçaram, mais fortes, sem mudança alguma.
Isso que o Grêmio, antes do jogo, realizou ações repetidas contra o racismo. 
O material de imprensa, uma faixa que acompanhou os jogadores no gramado, e um vídeo lembrando ídolos do passado nos telões, tudo pedia o fim de atos racistas.
Muitos torcedores do Grêmio não consideram ‘macaco’ quando se refere ao Internacional racismo. Isso porque a própria torcida do time vermelho se rotula  desta forma e um dos mascotes do clube é este animal."
Quase cinco anos depois, o assunto é o mesmo.
O Grêmio foi denunciado pela Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em decorrência de um episódio de injúria racial de uma torcedora contra o jogador Yony González.
Do diretor jurídico do  Grêmio, Nestor Hein.
"Temos que terminar com qualquer mal-entendido. 
Não porque o Grêmio reconheça que os cânticos sejam racistas, mas porque eles causam mal-entendido e um desfavor. 
Por que vamos insistir? 
Vamos terminar com isso, vamos virar a página, evoluir. 
Coisas que se faziam há 10, 15 anos não se fazem mais hoje. 
Temos que entrar nesse consenso que é mundial".
Certa feita, Koff disse que a questão da injúria racial é um caso de polícia. 

 


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