Inter, a roda quadrada e a vaca em cima do poste

Inter, a roda quadrada e a vaca em cima do poste

Se queriam descobrir a roda, também conseguiram. Ela é quadrada

publicidade

O Inter terminou a quinta rodada do Brasileiro de 2016 na liderança com quatro vitórias e um empate. 
Mesmo tendo vencido Athletico-PR e Sport em casa e São Paulo e Santos fora e com aproveitamento de 86,7% decretei para surpresa geral que o Inter era um vaca em cima do poste.
Quem vê uma vaca em cima de um poste sabe que a vaca está lá. Como a vaca chegou lá são outros quinhentos.
Eu não conseguia explicar aquele Inter de Argel que estava na ponta da tabela do Brasileiro. Quando começou a despencar até o rodapé, eu entendi.
Até os quero-queros de São Pedro da Serra, terra dos meus avós, sabiam que aquele Inter desajeitado, torto, desarrumado, já caminhava resoluto para a Segundona. O futebol é uma usina de esperança, mas não de milagres. 
Caiu, como eu previa.
O Inter é a nova versão da vaca em cima do poste. 
Com uma gigantesca diferença: agora se sabe como a vaca chegou lá. 
Desde que Alessandro Barcellos assumiu como presidente anunciando tempos de ruptura venho cantando a pedra.
Fui acusado de ser um critico sistemático. 
Para erros sistemáticos, criticas sistemática. 
Deu no que deu. 
A eliminação na primeira fase da Copa do Brasil diante do modestíssimo Globo, levando 2 a 0 e escapando de goleada, não é o fim de uma tragédia anunciada, mas apenas mais um capítulo. 
Quem viu as derrotas para o Ypiranga e Zequinha teve a convicção de que estava tudo errado.
No pântano abrigado pelo nosso íntimo escondem-se sentimentos inconfessáveis. 
Há entre os dirigentes noviços um desejo absurdo de redescobrir a roda. 
Esta misteriosa ansiedade só encontra explicação na psicologia. 
Há no Inter um desejo incontido de sepultar qualquer resquício do carvalhismo. 
Sinto-me irremediavelmente idiota diante de tal empenho. 
Na minha ignorância o carvalhismo, movimento oriundo de Fernando Carvalho, deveria figurar no estatuto do clube como algo a ser perseguido. 
Para horror geral, Barcellos mandou embora Abel, um carvalhista da gema, campeão da Libertadores e do Mundo. Perseguindo a genialidade, dispensou um campeão para bancar uma incógnita, o estagiário Miguel Ángel Ramírez. 
Na vaga do experiente Rodrigo Caetano desembarcou Paulo Bracks, com curta experiência  no América (MG).
Numa sucessão de equívocos poucas vezes vista na história do Inter a era Barcellos reduziu em apenas 15 meses um bom time de futebol, vice campeão do Brasileiro, em dez saaras de nada. Sua gestão só vais bem nas redes sociais.
Se pretendiam romper com o carvalhismo, conseguiram. 
Não sobrou resquício daquele Inter glorioso que abocanhou a América e o Mundo.
Se queriam descobrir a roda, também conseguiram. 
Ela é quadrada.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895