Manguita, o fenômeno

Manguita, o fenômeno

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Vou me repetir, ou melhor, repetir Nelson Rodrigues:
“O patético de nossa época é que o passado se insinua no presente e repito: a toda hora e em toda parte, a vida injeta o passado no presente”.
Eis que recebo um e-mail do cardiologista Francisco Michielin, fanático torcedor do Juventude de Caxias.
Relata que a revista italiana Guerin Sportivo elegeu, em sua edição de novembro, os 100 melhores goleiro do mundo.
Imaginei a seguinte cena: Manga salvando o Inter num chute sobrenatural de Nelinho contra o Cruzeiro na final do Brasileiro de 1975.
Para minha decepção, Manga não abria a lista.
Para minha perplexidade, não figurava entre os 100.
Haílton Corrêa de Arruda, o Manga, o Manguita fenômeno de dedos tortos, imune à dor, que dispensava as luvas para voar e promover defesas milagrosas, rosto marcado pela varíola, é dez oceanos o meu melhor goleiro do mundo.
Não estou aqui nostálgico retocando imagens da minha juventude, fantasiando como quem cria um herói, embora assim como uma geração de torcedores eu seja suspeito para escrever sobre Manguita.
A diferença entre Manga e todos os demais é que os demais foram transformados em goleiros e Manga nasceu goleiro.
Mas pode haver uma explicação para o nome de Manga não constar na Guerin Sportivo.
Como se vê, a revista relaciona os 100 melhores goleiros do mundo.
Manga, amigos, não faz parte desta categoria.
Manga abre outra lista, a das lendas.
Ali, ele é o número um.


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