No coração bate um cifrão

No coração bate um cifrão

Dias atrás escrevi sobre os Brasis, aquele que passa o pires e na rua da Praia e vai ao açougue comprar osso e o outro, onde o dinheiro jorra em árvore. Retomo o assunto.

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Dias atrás escrevi sobre os Brasis, aquele que passa o pires e na rua da Praia e vai ao açougue comprar osso e o outro, onde o dinheiro jorra em árvore. Retomo o assunto.
O leitor pode pensar como exagera esse colunista! Vamos aos fatos. O novo salário mínimo foi fixado em R$ 1.212. Em 10 anos um assalariado receberá R$ 150 mil, arredondando para cima.
Douglas Costa recebe dez vezes isto a cada 30 dias mês. Ficasse até o final do contrato, em 2023, pegaria mais de R$ 40 milhões, porque além do salário há bônus para isto e para aquilo.
Se há uma verdade absoluta no futebol é esta: no coração de um jogador, bate um cifrão. De amores juramentados ao Grêmio, é possível que o jogador aceite rescindir recebendo entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões. Uma bagatela.
Só em 2020 o Grêmio terminou de pagar as parcelas rescisórias de uma aventura da gestão de Odone chamada Kleber Gladiador quitando uma dívida de R$ 7,2 milhões. No total, o jogador custou cerca de R$ 30 milhões aos cofres do clube.
No ano passado vazou a informação de que Grêmio apresentou gastos de R$ 27 milhões com rescisões de seis jogadores: David Braz, Thiago Neves, Diego Tardelli, André, Vanderlei e Paulo Victor.
Há qualquer coisa de humilhante em valores tão astronômicos. Falei do Grêmio como poderia falar do Inter. Em 2016. a Justiça condenou o clube a pagar dívida de R$ 4,7 milhões com Diego Forlán referentes à rescisão contratual em 2014.
E o São Paulo? No ano passado teria feito um acordo com Daniel Alves se comprometendo a pagar por cinco anos parcelas de R$ 400 mil, totalizando R$ 24 milhões. Galo, Corinthians, Santos, Palmeiras, Flamengo, Botafogo, Vasco...Em todos os clubes a situação é a mesma. Só muda o tamanho do tombo, ou do rombo.. 
Houve um tempo em que salários tão astronômicos rendiam manchetes. Nem notinha de rodapé recebem mais. O Brasil que passa o pires e compra osso parece anestesiado. Minha intuição é que, assim como o leitor, pode pensar que a imprensa exagera.


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