O homem que decifrou Renato

O homem que decifrou Renato

“Temos que lembrar e agradecer sempre, o firme posicionamento do então vice presidente do Conselho de Administração Adalberto Preis...”

Hiltor Mombach

publicidade

Por Marcos Almeida
"Prezado Hiltor
Temos que lembrar e agradecer sempre, o firme posicionamento do então vice presidente do Conselho de Administração Adalberto Preis, convocado a assumir o cargo de vice de futebol fez uma única exigência ao presidente Romildo: trazer Renato.
Conhecia-o como seu jogador nas campanhas 1985 e 1986; acompanhava a sua carreira como treinador e tinha convicção de que era o momento de assumir a casamata.
Preis o “decifrou” o julgava sábio nas questões do campo e do vestiário, pela sua forma intuitiva e prática de tratar o futebol e pela experiência de quem conviveu com todos os craques e treinadores de ponta dos anos 1980 e 1980.
Preis sabia que Renato era capaz de entregar o que aquele grupo de jogadores precisava para ter sucesso.
Acertou.
A vinda de Renato em 2016 e a colocação dele de volta “nos trilhos”, se deve ao Preis, que o bancou e principalmente o colocou em uma estrutura com todo o suporte.
Saul Berdichweski e Odorico Roman no Departamento de Futebol e Espinosa como Diretor Técnico. Os melhores resultados (e desempenho) vieram dessa estrutura, o penta da Copa do Brasil e tri da América.
O crédito é necessário, com ele o reconhecimento; Preis era focado e discreto, entre dispensar energia à dedicação ou à promoção preferia a primeira."
RÉPLICA
O texto de Marcos Almeida foi uma réplica ao que escrevi sobre Renato após a conquista do Gauchão deste ano.
Preis faleceu em julho de 2023.
Fomos amigos durante quatro décadas.
Preis assumiu como vice de futebol Romildo com a condição de que Renato seria o treinador.
Romildo queria Antônio Zago.
Quanto tudo parece mal, Renato se reinventa.
Com um time modesto levou o Grêmio ao vice do Brasileiro de 2023.
O Inter era o grande favorito ao título do regional deste ano.
Renato levou o hepta.
O Grêmio surgia como eliminado da Libertadores.
Renato montou um time que, com 10 em campo, bateu o Estudiantes na Argentina.

Decifrando Renato
Para mim, empatia é um grande acontecimento. Assim como afinidade. Não desmereça o poder destes sentimentos.
Vai muito, vendo um programa de TV, lá estava Júnior, ex-lateral e meio-campista, atuando como comentarista.
Súbito, desanda a falar de Andrade. Preciso explicar quem foi Andrade. Trata-se de um auxiliar que, efetivado como treinador, tirou o Flamengo da zona intermediária da tabela e o levou a um título improvável de campeão brasileiro em 2009.
Sem perplexidade, ouço Júnior discorrer sobre a importância da empatia, afinidade, amizade do grupo com Andrade. Quando isto acontece, mesmo os descontados fisicamente viram leões.
Estou tentando decifrar Renato. Trata-se de um enigma. Em 2016 pegou um Grêmio chumbado ao fracasso e deu uma Copa do Brasil. Depois, virou empilhador de taças, dez.
Só empatia não explica este sucesso colossal. Renato injeta nos jogadores uma solidariedade e cumplicidade fulminantes.
Pregado ao sucesso do passado, em vias de se aposentar, Diego Costa ressurge feito um Suárez. Como explicar?
Imagino um telefonema. Renato acerta a vinda de Diego não como quem diz vem jogar no Grêmio, mas vem jogar no meu time. Forma-se um pacto pessoal e não com a instituição.
Renato é um fenômeno para ser analisado pela psicologia. Personagens assim tornam o futebol imortal.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895