"O idiota portador da verdade"

Em 2015, durante a cerimônia de outorga prêmio de doutor honoris causa na Universidade de Torino, o romancista, filósofo e teórico da literatura e da linguagem Umberto Eco, célebre autor de O nome da rosa, disparou: “A internet deu voz a uma legião de imbecis. Normalmente, eles (os imbecis) eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel...O drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”.

Nunca antes na história o mundo consumiu tanto lixo. Resta do somatório de tanta inutilidade um vazio imenso, o nada absoluto.
Ainda peguei o tempo em que as reuniões do Conselho Deliberativo do Inter terminavam terminando. Hoje, prosseguem nas redes sociais. No mundo internético, os sensatos, os equilibrados, os justos, estes  calam, silenciam. A minoria late e uiva ferozmente.

É de Nelson Rodrigues a sentença: “Pode parecer uma verdade exagerada, violentada, mas eu diria o seguinte: no Brasil, a glória está mais no insulto do que no elogio. Se não me entendem, paciência. Mas ouçam uma boa e honrada conversa de brasileiros com brasileiros. Reparem como nós cochichamos o ditirambo e berramos o ultraje. Por coincidência, só ultrajamos os melhores.”

Vacinado por um acordo funesto com o Esporte Interativo, um grupo de conselheiros  evitou que fosse votado favoravelmente um calhamaço de 70 páginas que torna o clube refém de uma sociedade por 50 anos. O calhamaço, originalmente apenas em inglês, abriga um protocolo de intenções que busca viabilizar uma parceira com a Liga Forte Futebol.

Os relatos são de que não houve sopapo, mas não faltou muito para tanto. Amigos, este grupo de conselheiros só pretendia esmiuçar o protocolo de intenções, apontar acertos, equívocos, reparos. Ganhou a queda de braço. Uma comissão analisará o caso. A atual gestão estará respaldada se o parecer for favorável à parceria. No frigir dos ovos, venceu a instituição.