Só termina quando acaba

Só termina quando acaba

Carlos Corrêa

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Carlos Corrêa / Interino

Primeiro a versão resumida, por ordem de importância: (1) o Campeonato Brasileiro não está decidido, longe disso. (2) A expulsão de Rodinei por Raphael Claus foi exagerada. E (3), não existe um complô para fazer do Flamengo o campeão brasileiro, da mesma forma que nunca houve um complô coordenado por Francisco Novelletto para fazer do Inter o campeão. Agora, com mais calma, não necessariamente na mesma ordem, vamos lá. Lembro de, há alguns anos, quando cobria Grêmio, ouvir uma entrevista do meia Souza. Questionado sobre o que teria acontecido se o Grêmio tivesse vencido o confronto anterior, respondeu: “Se? Se eu tivesse um guidão e duas rodas, eu era uma bicicleta”. Ao seu jeito, Souza nada mais dizia que o  “se” não existe.

Trago isso para lembrar que nunca saberemos o que teria acontecido se o árbitro Raphael Claus não tivesse sido tão rigoroso ao expulsão Rodinei hoje à tarde, no Maracanã. O duelo, como era de se esperar, foi bastante parelho enquanto as duas equipes tiveram 11 de cada lado. Alguém pode lembrar que o Flamengo ficou com a bola quase o tempo todo, mas isso fazia parte tanto da estratégia carioca quanto da colorada. Ao time de Abel, o que interessava não era ficar com a bola, mas sim chegar rápido à frente e marcar. Foi assim que largou na frente. É verdade que sentiu o gol carioca, mas convenhamos, do meio para a frente o Flamengo é uma máquina, é difícil segurar. Mas o Inter reequilibrou forças no final da primeira etapa e, ironias do destino, quase fez 2 a 1 com Rodinei. O duelo de estratégias prometia ser da mesma forma na etapa final. Mas aí Rodinei correu o risco ao entrar por cima em Filipe Luís e Claus, chamado ao VAR, tomou a decisão que tomou.

Pior do que ter sido rigoroso, Claus não teve critério. Minutos após a expulsão, pipocaram nas redes sociais reproduções de lances iguais, em partidas inclusive comandadas pelo mesmo árbitro, em que ou ele deu apenas um cartão amarelo ou nem isso, mandou o jogo seguir. E esse é o grande problema da arbitragem brasileira, a total falta de critérios. Um mesmo lance a cada partida tem um destino diferente pelas mãos dos árbitros. Se é de enlouquecer o torcedor assistindo pela TV, imagina quem está dentro de campo. Não por acaso, em quase toda rodada houve um lance de bola na mão dentro da área que, às vezes foi pênalti, às vezes foi revisado pelo VAR e às vezes nem um, nem outro. E, se nada for feito, seguirá sendo assim, porque a arbitragem brasileira carece de critérios. E sendo descriteriosa, é ruim, é falha. É mais falha do que maldosa. Até que se prove o contrário, é ruim para todos, por mais que todo time derrotado acuse uma conspiração contra si. Pelo menos dentro de campo nada indica isso. Fora são outros 500...

Mas vale também lembrar que mesmo perdendo no Maracanã, o Inter ainda tem chances de ser campeão na quinta-feira. E as chances nem são tão pequenas assim. É claro que o favoritismo é todo do Flamengo, mas nada indica uma vitória fácil dos cariocas sobre o São Paulo, na quinta-feira. O retrospecto recente do Flamengo como visitante não o qualifica como tão favorito assim: das últimas cinco partidas, venceu três, mas à exceção do Grêmio, era contra times da ponta de baixo da tabela, Sport e Goiás; empatou uma (Bragantino) e perdeu uma (Athletico-PR). É claro, nada também garante que o Inter vá vencer o Corinthians. Mas isso só mostra como, até quinta-feira, o Brasileirão está longe de ser decidido.


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