Um bate papo com Luan

Um bate papo com Luan

CP conversou com o atacante do Grêmio

Carlos Corrêa / Interino

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Era quase meio-dia dessa sexta-feira quando a porta da sala de entrevistas foi aberta e de lá surgiram Luan e suas inúmeras tatuagens. Maior nome do Grêmio na conquista da Copa Libertadores de 2017, o meia-atacante segue sendo uma das peças mais importantes do elenco tricolor, mas viu colegas como Everton, Geromel e Kannemann tomarem a dianteira no que diz respeito à idolatria do torcedor. No bom sentido, Luan não parece se importar. Por pouco mais de 30 minutos ele conversou comigo e com o repórter Rafael Peruzzo e durante o tempo todo passou a impressão de um jogador tranquilo e ciente das suas qualidades. Quem souber admirar seu talento, que bom. Quem preferir criticar, bem, paciência, mas convém avisar que não parece ser algo que tire o sono dele.
Aos 25 anos, a melhor oportunidade de vestir a camisa de um time de grande prestígio na Europa talvez tenha passado. No primeiro semestre de 2017, dirigentes russos desembarcaram em Porto Alegre dispostos a levá-lo para o Spartak Moscou. Ele avisou aos seus representantes e ao Grêmio que nem levassem o assunto muito adiante porque seu desejo era permanecer. Quem acabou negociado foi Pedro Rocha, que hoje tem uma estátua encomendada pelo seu pai ornamentando a porta de um prédio na avenida Goethe. Luan não tem uma estátua, mas escreveu seu nome na história do Grêmio como o grande protagonista da campanha vitoriosa na Libertadores daquele mesmo ano. Assegura ainda não ter noção do tamanho do feito, mesmo com todos os prêmios recebidos aquele ano. “Para mim ainda não caiu a ficha até hoje. Vai cair talvez se um dia eu sair daqui, para eu ver a dimensão. Porque a gente fica tanto nessa de jogo a jogo que não tem a proporção”, observa o jogador.
E sobre sair? Não há nada no horizonte por enquanto, mas Luan deixa claro que não descarta nada. Atuar por outro time no Brasil? Talvez, se assim quiser o Grêmio. E aqui cabe um parêntese: o jogador não gostou nem um pouco de ter seu nome envolvido em uma possível negociação com o Cruzeiro sem que tenha sido avisado antes. Deixar o Brasil para jogar por um time de menor tradição, mesmo em um mercado pouco atrativo, como a China ou a Arábia, desde que haja compensação financeira? “Não descarto nada, nunca se sabe o dia de amanhã”.
Nascido em 1993, Luan era bebê quando o Brasil conquistou o tetra e tinha só nove anos no penta. Assim, natural que, como vários outros da sua geração, tenha como maior parâmetro o amigo Neymar, com quem conversa seguidamente. “Para mim, ele é um fenômeno, faz coisas absurdas”, justifica. No entanto, quando questionado a respeito da polêmica capa da revista Placar, que coloca Neymar como o maior brasileiro pós-Pelé, se esquiva: “Os caras que eu vi jogando e são meus ídolos são Ronaldo e Ronaldinho. Para mim é difícil escolher um destes três, qualquer um deles está valendo”.
A conversa já estava se encaminhando para o final, quando faço uma última pergunta: “E se você pudesse voltar no tempo para jogar novamente uma partida e tentar mudar o resultado, para qual jogo você voltaria”? A resposta vem quase de bate pronto: “A final do Mundial. Tentaria mudar aquilo. Eu não fui muito bem. Tivemos alguns desfalques (referindo-se à ausência do volante Arthur) e a gente mudou totalmente. Não fomos o Grêmio que fomos o ano inteiro”.


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