VERDADE VERGONHOSA

Tenho calafrios quando ouço a palavra cartola.
O mesmo calafrio que percorre minha espinha quando ouço a palavra políticos. Vejo um Brasil que serve e outro que se serve. Toma-se tudo, debitando-se na conta do povo. Afinal, futebol e futebol é o ópio do povo.
Perguntaram a Bernard Shaw o que ele achava da multidão: “Gosto ou desgosto de quem tem uma cara só”, respondeu. Sem querer querendo, Shaw apresentou o povo. Os cartolas não conhecem o povo. Não gostam ou desgostam de quem tem uma cara só. Povo, para a cartolagem, é algo abstrato e, se tem cheiro, é de cifrão.
Já escrevi aqui mesmo que empatia é um acontecimento. No caso específico não se trata de empatia, mas de humanidade. Inter, Grêmio e Juventude não têm condições mínimas de tratar sobre futebol. No momento, futebol é supérfluo, perfumaria. Estamos contando nossos irmãos mortos. A CBF discursa mostrando solidariedade mas não adia todo o Brasileiro, apenas os jogos dos gaúchos. Não esperava outra coisa de uma entidade funesta, mal cheirosa. Dirigentes de outros clubes escancaram uma solidariedade da boca para fora. Não querem perder as rendas disto ou daquilo.
Quando o assunto é futebol os gaúchos estão ilhados. Esta é uma verdade vergonhosa.