Últimas do Brasil surreal

Últimas do Brasil surreal

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Michel Temer respira por aparelhos.

Usa uma sonda que o liga aos deputados que negociam votos.

Tudo se venda na Câmara dos Deputados.

Especialmente a fidelidade, que quase sempre é de aluguel.

 Sempre que me perguntam como é escrever todo dia e de onde tirar assunto, respondo suavemente: difícil é não escrever todo dia e escolher entre tantos temas possíveis. O Brasil é uma usina de bons assuntos. Vejamos algumas manchetes dos últimos dias: “Ministério Público detecta desvio de R$ 191 milhões nas Forças Armadas”. Cai mais um mito. Foram 132 militares condenados em sete anos, 299 aguardam julgamento. Teve de tudo, de roubo de peças de tanque de guerra a sogro de 85 anos casando com nora para deixar a pensão de R$ 15 mil.

No quesito barraco envolvendo celebridade tem este míssil: “Caetano Veloso processa MBL por acusação de pedofilia”. Integrantes do Movimento Brasil Livre atacaram o cantor dizendo que ele cometeu pedofilia quando começou sua relação com Paula Lavigne. Ele tinha 40 anos de idade, ela, 13. Foi a própria Paula quem contou a história em entrevista a Playboy em 1998. O MBL faz o papel de nova polícia moral do país. Por outro lado, a internet não perdoa ninguém. A acusação bombou. Na França, o MBL certamente acusaria a atual primeira-dama de ter praticado pedofilia com o seu hoje marido, Emmanuel Macron, de quem foi professora e com quem iniciou uma relação quando ele tinha 15 anos e ela 39. Nas altas esferas pode? O amor e paixão mudam tudo?

A mais assustadora manchete foi esta: “Apresentador está de olho em 2018 – eventual candidatura de Luciano Huck ao Planalto ganha força no mercado”. O que Luciano Huck, apresentador de um programa medíocre de televisão, tem para agradar o PIB e se posicionar como presidenciável? Tem algum conhecimento de política, economia e gestão? Não. Em política, competência específica conta pouco. O que vale mesmo é a visibilidade e a capacidade de fazer votos. Por que alguém votaria em Huck? Porque o eleitor não é racional. Vota por admiração. O valor mais admirável da sociedade do espetáculo é a fama. Fernando Henrique Cardoso, que jurava ter criado um partido da racionalidade, o PSDB, vê com bons olhos a candidatura de Luciano. Um presidente não é um cirurgião. Não precisa saber operar. Basta que saiba obter votos.

Depois de autorizar a destruição de uma reserva amazônica, sendo obrigado a voltar atrás, e de dificultar o combate ao trabalho escravo, o presidente forneceu outra manchete devastadora para os jornais: “Michel Temer dá 60% de desconto em multas por crimes ambientais”. Tem esta também: “Pequena história do fisiologismo – denúncias contra Temer reativaram o ‘correr de pires’ no Congresso. A mídia também contribui para o anedotário nacional: “Folha explicita censura ideológica, aponta blogueiro”. O jornal paulista demitiu o repórter que meteu o pau no filme do apresentador de televisão Danilo Gentili, talvez um dos piores da história da televisão brasileira, por zombar de bullying e pedofilia. Não era para contar a verdade. Uau!

A manchete mais divertida, sob medida para ganhar troféu de humor, chamava para a coluna de Eliane Cantanhêde, conhecida colunista surrealista, no jornal Estadão: “Temer parece estar cercado de inimigos e de aliados infiéis”. Kkkkk.

 

 

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