A complexidade da situação venezuelana
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A Venezuela vive um momento paradoxal. De todo lado, busca simplificar para tornar mais fácil a imposição de um ponto de vista. Dizer que não há liberdade de expressão e imprensa na Venezuela é falso. Dizer que não há tentativas poderosas de atropelo à liberdade de expressão e imprensa também é falso. Dizer que a mídia de oposição (quase todos os jornais impressos) não se comporta como partido político, como faz a Veja no Brasil, é mais uma falsidade. Dizer que a mídia internacional, Globo e CNN entre elas, não procura, por razões ideológicas, hiperdimensionar os erros do governo venezuelano, é falso. Dizer que os Estados Unidos, de olho no petróleo da Venezuela, não têm interesse em derrubar o governo de Maduro é ingenuidade. Dizer que os Estados Unidos são os únicos responsáveis pelo que está acontecendo é teoria da conspiração. Negar que os americanos tenham alguma participação nos acontecimentos é má-fé, ideologia ou ignorância. A manchete do jornal El Nacional de hoje é:
PROTESTAS ESTUDIANTILES
“Nos obligaron
a desnudarnos
y amenazaban
con violarnos”
Jóvenes contaron que militares los bañaron con gasolina, los arrodillaron por horas y les decían que irían a una cárcel común. Denuncias serán llevadas a la ONU y a la OEA
- ARELLANO | "Queremos justicia para torturados"
- GALERÍA | Protestas se intensifican en Maracaibo
- LARA | Ascienden a 60 los detenidos
- Que conclusões tirar? Primeiro: se um jornal pode publicar tal manchete, duríssima, ainda há liberdade de imprensa. Segundo: se os fatos são verdadeiros, e parecem ser, há violações terríveis dos Direitos Humanos.
Afirmar, porém, que Maduro é um ditador falseia o jogo. Maduro foi eleito há um ano. Não há mecanismo constitucional para derrubar um presidente na Venezuela por que parte da população o acha incompetente. A situação na Venezuela mostra claramente o confronto entre representantes de interesses sociais diferentes. Os antigos privilegiados levantam-se contra a perda de sua condição. O problema é que o governo reage mal à provocação e revela métodos autoritários de contenção.
Em parte como no Brasil de 1964, com apoio da mídia, prepara-se um golpe de Estado na Venezuela.
Quando a situação anterior a Chàvez estiver restabelecida, com os miseráveis recolocados nos seus lugares, ninguém mais falará na Venezuela. Como não se fala do Haiti. Algum lacerdinha fala da falta de possibilidade de expressão no Haiti?
Maduro precisa amadurecer e encontrar a chave para enfrentar seus adversários com métodos que não sejam tiros pela culatra.
