A crise do RS e a solução Sartori

A crise do RS e a solução Sartori

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O Rio Grande do Sul está em crise. Inegável. Gasta mais do que arrecada.

Executivo, legislativo, judiciário e Ministério Público teriam de cortar na carne.

O legislativo tem gente demais ganhando acima do possível.

O judiciário, especialmente a magistratura, tem privilégios que se estendem ao MP.

Enquanto um professor do Estado está recebendo uma parcela de R$ 500, um magistrado receberá só de auxílio-moradia mais de R$ 4.600. Pode isso, Arnaldo? É justo, legítimo, moral? É apenas legal. Quem fixou essa legalidade? O judiciário.

Sartori tem razão: o Estado está quebrado e precisa de reformas estruturais.

Tem de mexer na Previdência. Ninguém pode receber aposentadoria sem ter contribuído. Mas isso existe.

O problema é que para moralizar precisa começar bem.

Sartori começou mal: sancionou aumentos para a turma dos camarotes: governador, vice, secretários.

Recuou no seu aumento. Já era tarde. Os deputados também garantiram o deles.

Por fim, Sartori faz um jogo político que não encontra justificativa moral: poderia usar o aumento dos depósitos judiciais para pagar em dia o funcionalismo. O dinheiro existe, a Assembleia Legislativa está disposta a aprovar e o judiciário abriu mão de parte dos juros. Por que o projeto ainda não foi enviado?Porque o governo só quer fazer isso depois de ter seus projetos mais amargos, como o aumento de impostos, aprovado. É pressão. Ou chantagem. Joga o funcionalismo contra a sociedade.

Tem dinheiro. Seria legal. Sartori não quer usar. Ainda.

Só existem duas maneiras de sair da crise: cortar despesas ou aumentar receita.

Ou os dois.

Como cortar receita sem diminuir serviços?

Pode vender estatais. Levaria uns dois anos. Precisa de plebiscito. Botaria dinheiro novo no caixa. Paga-se o jantar vendendo a louça do almoço. Algumas são dispensáveis mesmo. Mas não representaria solução de curto prazo. Nem se a União anulasse a dívida do Estado. Seria uma economia de R$ 260 milhões. O governo diz que faltam R$ 450 milhões a cada mês.

De onde sairiam os outros R$ 190 milhões?

De novos impostos.

Mas se aumentar impostos e não mexer na estrutura o problema voltará.

O governo adotou um método: quanto pior, melhor. Está brincando com fogo.

Mais um capítulo da velha dicotomia gaúcha: britismo (Estado mínimo) X petismo (Estado máximo).

Atualização de maragatos e chimangos.

A população só desiste do Gre-Nal nas eleições. Vota na terceira via (Rigotto, Yeda, Sartori) por estar cansada de binarismo. Depois, descobre que a terceira via é apenas parte de uma das duas de sempre: britismo-yedismo-sartorismo.

O PT é o velho PRR. Todo petista é um castilhista involuntário. O PT já foi PTB.

Todo petista é, até sem querer, getulista, janguista e brizolista.

O britisimo-yedismo-sartorismo é a última versão dos maragatos.

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