A gauchada na Lista Janot
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O "eu não sabia" vai crescer na parada. Os pepistas vão dizer que talvez tenham recebido dinheiro do PP nacional para as suas campanhas sem saber a origem do dinheiro, os cofres da Petrobras. O problema é que o "eu não sabia" já foi desmoralizado por todos os que sempre duvidaram da ignorância de Lula e Dilma sobre casos de corrupção. O PP nacional tem 32 nomes na lista Janot. Só Paulo Maluf não é suspeito. É que Paulo Maluf não entra em lista de suspeitos. Só de culpados. O bicho pegou e não vai largar tão cedo.
O PT ficou num reles terceiro lugar, com seis indicados na lista Janot, batido por PP (32) e PMDB (7).
Mas o PMDB emplacou o presidente do Senado, o cangaceiro Renan Calheiros, e o presidente da Câmara de Deputados, o furibundo Eduardo Cunha. Só faltou Michel Temer para levar a tríplice coroa.
O PSDB entrou na lista com os senador Anastasia, um grão-tucano de plumagem superior.
Aécio Neves ficou como suplente, citado pelos delatores, mas excluído da lista por Janot. A presidente Dilma também foi citada, mas não entrou no rol dos classificados por estar protegida pela Constituição.
Sujou.
Não tem saída: ou se acredita nos delatores ou não se acredita neles. Meia crença não cola.
A primeira medida séria seria afastar Eduardo Cunha e Renan Calheiros de suas funções. O Congresso Nacional não pode ser comandado por homens investigados por corrupção. Será que os senadores terão envergadura para encarar Calheiros, que, outra vez junto com o parceiro Fernando Collor, volta a frequentar a lista dos que deixam impressões digitais pelo caminho e são obrigados a dar explicações para os homens da lei?
O deputado gaúcho mais votado, Luiz Carlos Heinze, aquele mesmo insultou gays, quilombolas e índios, chamando-os de "tudo o que não presta", está na lista Janot. Ele se diz indignado. Está no mato sem cachorro?
O tempo dirá.
O vice-governador da Bahia, João Felipe de Souza Leão, do PP, presente na lista mais comentada do país no momento, em nota, garante "cagando e andando, em bom português, na cabeça desses cornos todos".
É a argumentação mais sofisticada apresentada até agora para rebater os fatos.
O PT está vibrando: já não é corrupto solitário. Tem farta companhia.
A culpa será colocada no financiamento empresarial de campanha, que é ruim mesmo, afinal quem paga a conta sempre cobra algo em troca, mas não resolve um mistério: o que obriga alguém a se corromper?
O financiamento privado pode facilitar, mas quem é honesto mesmo não cai em tentação.
Ou as causas nobres defendidas pelos partidos exigem o sacrifício da corrupção em nome do bem do povo?
A vaca foi por brejo e atolou.
Levou muito gente "boa" com ela.
Por enquanto, obviamente, são todos inocentes.