A ideologia da Lava-Jato e do JN

A ideologia da Lava-Jato e do JN

publicidade

Ninguém conhece os autos, mas todos fazem julgamentos definitivos.

O historiador enxerga 1964 e 1954 no retrovisor.

No começo, são grandes acusações. No fim, outras falcatruas são usadas como alavanca.

Tarso Genro tem razão: como afirmar algo sem conhecer dados da vida privada de Lula?

Essa afirmação não protege Lula. Ao contrário. Só não pré-julga.

Duas hipóteses contraditórias se equilibram: há algo de errado nas relações de Lula com empreiteiras e há algo de muito ideológico na ação da Lava-Jato. No Jornal Nacional, o discurso dos procuradores foi absolutamente ideológico.Tomou-se tudo o que o senso comum pensa e deu-se a isso legitimidade.

Voltou a teoria do domínio do fato: se José Dirceu está preso, o chefe tem de ser Lula, pois sem o chefe superior o esquema não poderia funcionar. É a ilação hiper-lógica transformada em evidência.

A manchete de abertura do Jornal Nacional no dia da detenção de Lula também reproduziu o senso comum ideológico: Operação Leva-Jato chega em Lula. Nas ruas, felizes, os antipetistas gritavam:

– Chegaram no Lula.

A detenção do Lula, já está claro, foi irregular, jogo de cena para a mídia, que foi avisada.

Os procuradores defenderam-se com um sofisma: as pessoas estariam achando irregular a condução coercitiva por se tratar de um ex-presidente. Marco Aurélio Mello, ministro do STF, estaria confundindo? A lei é clara: condução coercitiva só em caso de recusa de comparecimento.

O cidadão comum antipetista não liga para "firulas" jurídicas. Quer é ver o "molusco" em cana.

Sérgio Moro queria holofotes. Conseguiu. Só não contava com as críticas.

A Rede Globo, por outro lado, está determinada a derrubar Dilma e a impedir que Lula concorra em 2018. O Brasil já está em guerra civil simbólica. As coisas podem piorar na medida em que os ânimos estão sendo acirrados por todas as partes. A oposição tentar interditar parte do debate. Qualquer crítica à seletividade das investigações é apontada como uma tentativa de defender os petistas ladrões. Com esse jogo retórico, neutraliza acusações e demandas de investigações contra tucanos. É uma malandragem.

Desse jogo complexo e confuso sai uma conclusão: o sistema continua podre. Todo ele.

O cético joga todos para cima. Quer distância das tropas de direita e de esquerda.

No frigir dos ovos a guerra é uma só: direita X esquerda, coxinhas X petralhas, neoliberais X comunistas.

Combate-se a corrupção, o bolsa-família e as cotas, que não podem ser álibi para roubar.

A credibilidade do PT acabou faz tempo.

A sinceridade da oposição é uma miragem.

A neutralidade da Rede Globo faz rir.

O simplista e simplório, babando ideologia, travam o seguinte diálogo:

– A prisão do Lula foi ilegal!

– Defendendo ladrão, seu petralha!

– Sai, coxinha golpista!

 

 

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895