A metafísica dos reflexos
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E eu te direi quem és.
Mas direi com meu silêncio
Ou com o meu sarcasmo.
Basta que te olhes no meu espelho
Para que que eu te veja de corpo inteiro,
animal, uniforme, bestial, parelho,
Alma suja sob um pano branco de mentira,
A consciência reduzida a uma reles tira,
fazendo do vômito teu último orgasmo.
Por trás da indignação que se quer elegante
Chafurda um monstro com pata de elefante.
Às vezes, a pureza do cristal líquido
tem a brutalidade límpida do asco
ou a violência cinza do acaso.
Ou seria do horror e da lucidez?
Salvo se for a expressão da perfídia
Travestida de ódio e de "envidia"?
Todos os modos são bons e prontos
para te desnudar num arranco.
O que se vê depois do insulto
é pouco menos que o espanto:
o banquete triste dos chacais.
Aqueles que nunca sairam do cais,
Mas se lambem como herois.
Ah, como é doce a sujeira dos outros,
Ainda mais exposta em praça pública!
Dize-me todos os teus insultos
E já eu terei os meus indultos,
Pois a tua vã mediocridade
é diretamente proporcional,
rala manchete de jornal,
à tua grande (in)capacidade
de denunciar a minha,
Essa tua pobre e mesquinha
Escatológica suma ideológica.