A morte do poeta Gullar
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Iluminou as profundezas do escuro
E fotografou a infância no Maranhão.
Entrou no partido comunista depois do golpe da direita
Viveu no exílio a amargura da atmosfera rarefeita
Um golpe depois do outro até a exaustão.
Doutorou-se em subversão na União Soviética
Treinou-se com os formalistas na estética
Sujou a poesia com a beleza dos seus versos livres
Esses versos que nenhuma grade pode prender.
Ferreira Gullar poderia ser cronista tardio
Descobrindo a natureza árida do vazio
Preferiu ser comentarista político
Um simples articulista raquítico
Da densa poesia à prosa coxinha
Calou-se o poeta à margem do seu caminho.