A verdade sobre Brizola e Jango dói

A verdade sobre Brizola e Jango dói

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A verdade dói.

Principalmente nos corações amargurados pelo reacionarismo.

O ódio atravessa as décadas.

Brizola, herói da Legalidade, continua sendo odiado pelos conservadores.

Odiado por ter feito a primeira reforma agrária consequente do Rio Grande do Sul, no Banhado do Colégio, em Camaquã.

Odiado por ter espalhado escolas pelo Estado.

Odiado por ter resistido ao golpe dos militares associados aos civis conservadores, em 1961.

Odiado por encampado empresas multinacionais parasitas nos setores de eletricidade e telefone.

Odiado por ter escapado das garras dos milicos ditadores, em 1964.

Jango também é odiado.

Odiado por não ter sido fraco como tentam dizer.

Mas por ter sido negociador, ponderado, inteligente e estadista.

Odiado por ter começado reformas fundamentais para tirar milhões de brasileiros do atraso.

Foi derrubado do poder por estar derrubando privilégios seculares.

Odiado, como ainda lembrou ontem o governador Tarso Genro, por ser um fazendeiro, visto como traidor da classe, fazendo reforma agrária.

Odiado por não ter proporcionado o banho de sangue que, na armadilha proposta, faria dele um carniceiro defendendo seus poderes.

Os idiotas da ideologia dissimulada em ponderação queriam que que Brizola tivesse ficado no Brasil para ser preso, humilhado e torturado.

Os idiotas da ideolgia fantasiada de falsa valentia queriam que Jango e Brizola colocassem seus pescoços à disposição dos verdugos.

A verdade dói.

Ela é clara: na vida, temos pouca chanches de mostrar heroísmo.

Jango e Brizola aproveitaram as suas chances.

A verdade dói.

Brizola foi herói.

Jango também.

Aqueles que chegaram a ser tratados como bandidos ou traidores, foram heróis.

Em 1961, ao levantar-se contra o golpe, Brizola entrou para sempre na galeria dos poucos heróis brasileiros.

Muitos militares, mesmo conservadores, tiveram atitudes exemplares.

O general Machado Lopes, comandante do III Exército, homem conservador, anticomunista de carteirinha e que não gostava de Brizola, viveu um drama interior espetacular: sua vida e sua formação diziam para seguir a hierarquia militar. A sua consciência disse-lhe para ficar do lado da Constituição, junto com Brizola.

Foi o que ele fez.

Desconhecer o heroísmo de Brizola em 1961 é pura inveja, rancor, ressentimento, conservadorismo tacanho, desconhecimento da História, ideologia rançosa.

A verdade dói e tarda, mas chega.


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