Alberto Dines, pelego interventor da ditadura

Alberto Dines, pelego interventor da ditadura

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Alberto Dines apoiou o golpe por reacionarismo e por incapacidade intelectual de compreender o que estava acontecendo. Adepto da prática contra o teoricismo, nunca conseguiu refletir sobre as bobagens que fez na vida.

Comenta livros sem os ler.

A apuração nunca foi o seu forte.

Jacob Goldberg, por exemplo, já mostrou que o livro de Dines, “Morte no paraíso”, sobre o triste fim de Stefan Zweig no Brasil, é um erro primário de investigação jornalística. Ou de falta de investigação.

Dines afundou-se na lama do golpismo como um carola desmiolado. Temia o caos e os comunistas comedores de criancinha. Depois do golpe, organizou um livro, “Os idos de março e a queda em abril”, publicado ainda em 1964, para puxar o saco dos golpistas. Assinou seu atestado de óbito. O futuro cobraria a conta.

Brigou com Bóris Casoy, que o brindou com estas pérolas: "De conhecido caráter, destituído de qualquer sentido moral ou ético, esse indivíduo tenta justificar com uma história da carochinha o fato de ter sido interventor da ditadura no Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro. Sua “explicação” não passa de um atentado à inteligência alheia. Imagine: em plena época de caça às bruxas, um grupo de jornalistas ligados ao Partido Comunista procura esse” ínclito” profissional pedindo sua intercessão junto ao gabinete do então presidente Castelo Branco, com o objetivo de destituir a direção do sindicato, legitimamente eleita. O governo aceita a sugestão e o nomeia interventor militar. É essa a versão que Dines tenta nos impingir. É evidente que só eram nomeados interventores aqueles que tinham a total confiança do regime. Dines, de maneira covarde, tentando dividir culpas com os comunistas, assume a sua ditadura particular. Tira um desafeto pessoal da presidência da entidade e , como se não bastasse, faz um sem número de cassações. É claro que zelosamente oculta esses fatos de sua biografia (ou folha corrida?) Se escapou da lei graças a Anistia, será inscrito entre os réus quando a ação da ditadura nos sindicatos tiver sua história levantada. Mais tarde demonstrou toda a sua “consideração ” com comunistas ao pedir – e por duas vezes – que eu os demitisse da sucursal da Folha de S. Paulo no Rio de Janeiro".

Em "Idos de março", Dines louvou os ditadores como um cão lambendo as botas dos militares e dos seus mentores civis:

“Golpe ou contragolpe? Minas marcha contra Goulart. Enfim, apareceu um homem para dar o primeiro passo. Este homem é o mais tranquilo, o mais sereno de todos os que estão na cena política. Magalhães Pinto, sem muitos arroubos, redimiu os brasileiros da pecha de impotentes”.

Quando pedirá desculpas por esse mico?

Em outra passagem, Dines confessa seu trabalho na preparação do golpe: “A velocidade do presidente tirava a capacidade de resistir. Só podíamos dedicar um único editorial contra cada ato ou falação de Goulart. No dia seguinte, já havia outros para atacar. Mesmo assim, o nosso era o único, dos chamados grandes jornais, do Rio, a resistir. Os outros como que perderam a noção das coisas. Estarrecidos ou acomodados. Mas como rebater racionalmente, como enfrentar com argumentação inteligente a política do ‘manda brasa’. Perdíamos. Na batalha das ideias contra os slogans, o grande soldado do jornal foi Luís Alberto Bahia. Quanto mais tacanha era a jogada de Goulart, mais brilhante era o seu raciocínio numa emulação do requintado contra o grosseiro. A cabeleira enorme e mitológica do ex-trotskista contra os cabelos escorridos e poucos do arrivista de esquerda”.

Por fim, mostra sua desinformação, capacidade de manipulação e reacionarismo: "O que importava era que, em São Paulo, meio milhão de pessoas tinha saído à rua, sem archotes nem tanques e canhões, apenas com cantos na boca e rosários na mão, para protestar contra o caos”.

O peleguismo marca a vida de Alberto Dines.

É por isso que, aos coices, ele ataca meu livro 1964 golpe midiático-civil-militar.

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