Almoço com o governador Sartori

Almoço com o governador Sartori

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No primeiro dia da volta das férias, estive no almoço do governador José Ivo Sartori, no Palácio Piratini, com jornalistas. Bom momento para rever um time dos chamados formadores de opinião de primeira linha e aquecer a máquina para o recomeço das atividades. O secretário da Comunicação Cleber Bevegnu começa a imprimir o seu jeito suave de pavimentação da relação do governador com a mídia. Tendo à sua direita na mesa o secretário Márcio Biolchi, Sartori mostrou-se descontraído, falante e bom anfitrião.

Se o poder pesa, como se diz, Sartori parecia com a musculatura bastante relaxada.

O estilo é importante para o governador. Ele fez questão de salientar esse aspecto. Disse que não gosta de espetacularização, de foguetório e de anúncios prematuros que possam não se converter em realizações. Procurou deixar claro que tem o seu jeito, respeita o dos outros e pretende continuar sendo quem sempre foi. Questionado, garantiu que não há previsão de atraso de salários do funcionalismo.

Diante do quadro de crise, porém, falar desse assunto parece cumprir três funções: salientar que a crise não é ficção, lidar com a vida como ela é – “Se não tiver dinheiro para pagar, o que vai se fazer?” – e revelar uma postura transparente, pragmática e sem maquilagem.

Ao longo da conversa, surgiram algumas esperanças: o governo gaúcho espera que a lei resultante da renegociação da dívida dos Estados com a União seja regulamentada até o final de março. Não é uma estimativa utópica, mas uma informação recebida de Brasília. Por aí poderá vir, quem sabe, algum fôlego para obter dinheiro fresco com novos empréstimos. Sartori foi mais enfático quanto ao papel das Parcerias Público-Privadas. Segundo ele, esse deve ser o caminho para o crescimento.

Existem empresas querendo vir para o Rio Grande do Sul. Será preciso produzir exceções no decreto de austeridade para dar incentivos em caso de boas oportunidades. Dialogar é a ordem.

Essa ordem se aplica ao caso do Imposto de Fronteira – diferença de alíquota de ICMS em relação a outros Estados –, derrubado pela Assembleia Legislativa durante o governo Tarso Genro, mas ainda não extinto efetivamente e recolado na mesa de debate na medida em que não se pode abrir mão de receita em tempos de vacas magras. Aquilo que pode ser bom para o comércio, como se sabe, pode ser ruim para a indústria local. O governador quer enxergar melhor no buraco da bala. Bem no seu estilo, observou que na mesa de negociações ninguém quer perder. Como fazer para que todos ganhem? Aperitivo: o agronegócio vai bem.

O setor industrial pena. Salada: o decreto de austeridade está garantindo tocar o barco até a casa ser arrumada. Prato principal: agilidade. Licenças ambientais precisam ser concedidas ou negadas com rapidez. Se não pode ser, nega logo. Educação, saúde e segurança são essenciais e, mesmo que tenham de sofrer medidas de gestão, não podem ser sacrificadas. É crucial.

Sobremesa: problemas de segurança, como o da lotação dos presídios, só serão resolvidos quando o governo federal adotar uma política penitenciária nacional. Cafezinho: nenhuma obra deixará de ser concluída por ter sido começada pelo governo anterior. Abraços.

 

 

 

 

 

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