As angústias do eterno namorado

As angústias do eterno namorado

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Reflexos

 

Avanças altiva pela rua deserta

Com teu melhor vestido vermelho.

Te foste sozinha colher avencas

Nos jardins do cemitério marinho.

 

Tens agora a malha grudada no corpo

Como se a chuva te lambesse os seios.

Nunca estiveste mais triste e bela.

Desnudo esse ventre em que me aninho.

 

Por que te perdes assim no aguaceiro?

Por que nunca sei do teu paradeiro?

Por que temo que de mim te percas?

 

Teus olhos expressam meus receios

Enquanto o temporal me desperta

E raios correm apagando espelhos.

 

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