As antas - poema de um leitor

As antas - poema de um leitor

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Antas, outrora fálicas e boêmias

Mancomunadas desde pequenas

Dizendo "sim" nos botequins

E "não" a quem discordasse com razão.

Antas que preferem praças e parques cercados

Também desejam Mercados tombados

Não o histórico, mas tombados pelas máquinas.

As antas desejam a cidade como imensos zoológicos

Sem tirar nem pôr 

Cercas, limites e horários, sem amor.

A magia do ir e vir livremente

Não as deixam contentes

Pois as antas amam "correntes".

Em lugar de pessoas e seus inventos

As antas preferem estacionamentos.

Hoje, vou ao mercado, não para comprar

Porque está ferido e fechado

Vou para beijá-lo.

Vou escolher a parede onde o fogo mais ardeu

E, ao tocá-la, direi:

O teu pulso ainda pulsa

Eu, Eu, Eu,

A ANTA SE ... FERROU.


 

Júlio Dillenburg

Advogado

Porto Alegre/RS

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