Belas reflexões de leitores

Belas reflexões de leitores

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Prezado,
lendo Amy e Harry, hoje, fiquei a pensar mais do que normalmente faço depois de ler teus maravilhosos textos. E não entendi nada!

Como mulher, desde o fim de semana, tento ler e admitir a inquietação de Amy e a angústia que a empurrou para a morte tão cedo. Já me senti assim tantas vezes, cheia de planos e ao mesmo tempo limitada pelas convenções, padrões sociais e expectativas em torno de mim. Estou aqui, portanto, optei, é claro, pelo caminho inverso. Não me rebelei, não fiz a procura insana do prazer, nem a terapia do choque social. Preparei e segui um longo caminho onde questionar (e isso hoje em dia ainda é para poucos) me pareceu uma vitória. Com minhas perguntas, na maioria das vezes feitas e respondidas ao mesmo tempo por mim, me conformei em pensar que penso mais que alguns e assim vou vivendo.

Como mãe, desde o fim de semana me pergunto porque endeusar tanto alguem que resolveu punir o mundo no seu corpo, apontar a mediocridade adoecendo a mente. Pessoas assim não podem virar ídolos.Julguei Amy fraca porque não pode suportar a vida, como o mundo faz. Eu não quero pessoas assim no imaginário de meus filhos. Prefiro que eles apenas questionem como eu, que busquem pensamentos como eu, mas não os quero morrendo, torturados pela diferença de ser crítico da crítica comum. não os quero imortalizando uma juventude forte e sarcastica. Quero meus filhos, com seus talentos, descobertos ou não, no meu aconchego, velhos de saber que esta vida que nos obrigam a viver ao menos garantiu conforto e saúde.Egoísmo meu, querer que eles não sofram. Mas quero ser egoísta até o fim. Vou obriga-los a viver.

Depois, relembrei os momentos retilíneos de Harry, toda esta fortaleza incansável do correto, do inteligente, do mágico poder de quem faz tudo como deve ser feito. E Dividi estes momentos com meus filhos.Sim! Depois, saia do cinema,levantava da cama onde líamos juntos, com a sensação de ter tirado das minhas crianças a oportunidade de gritar, de crescer. Que chato que este Harry é. Meus filhos podem ficar chatos tambem. Reli para ver se encontrava naquelas linhas uma saída para esta incontestável mania de buscar o mais fácil e teoricamente feliz, ainda que continuasse questionando.Quantas vezes me peguei perguntando se meus filhos poderiam cair na tentação de um fundamentalismo cristão, islâmico, norte americano, ou no tal jeitinho brasileiro, que se bem pensado, fundamentalismo não deixa de ser.

Então pensei na Noruega e nos tristes acontecimentos que de longe me esforcei para acompanhar. Sim porque a imprensa brasileira (e a do mundo também?) não quis discorrer muito sobre aquele fato. Um extremista de direita que olha pro Brasil, bem aqui , onde estão os meus filhos, e culpa a todos pela miscigenação, pelas muitas culturas que convivem, pela mistura que vivemos. Estaremos diante de uma reação cristã frente ao avanço" do islamismo? Olha eu questionando novamente. E o que Harry e Amy pensariam sobre o monstro noruegues? Entre eles alguem pensou que existem 3 filhos deste lado do mundo, olhando para eles? Que existe uma mãe que não quer saber de nada a respeito destas teorias, a não ser amar os filhos? Que esta mesma mãe de vez em quando, meio que escondida, ainda briga para ser mulher e quem sabe tambem uma profissional capaz de agir além de pensar? E que isso pode ser muito mais corajoso do que se deixar morrer aos 27 anos sem ter tido ninguem no ventre?Quem se importa realmente comigo e meus filhos?Porque o mundo me oferece a cada dia mais perguntas, e mais perguntas e não me aponta caminhos?

Que confusão está formada em torno de tudo e de todos.

Eu queria estar nem aí  pro Harry, pra Amy e pro insano lobo loiro que atacou jovens porque eles são democráticos. Porém ouso afirmar que nenhum deles soube lidar com o moderno. Sim  o tom do moderno envolve, hipinotiza, cria duvidas, surpreende, amedronta, culpa, aponta, responsabiliza, cansa.

E tudo isso acontece na minha vida sem a minha permissão.

Att

Adriana Paranhos

Parabéns colega pela a coluna o qual escreveste sobre" AMY e HARRY", ameiiiiiiii, faz refletir várias coisas na vida. 
Bom dia

Andréia


Olá, Juremir. Aqui fala um dos medíocres que foram ver o final da saga do bruxinho-herói ocidental! Hahaha!
Como todo fenômeno midiático (da minha área), acompanhei-o até o esgotamento de sua fórmula de anti-herói, lá pelo capítulo 4 ou 5, quando me dignei a ver os filmes junto com meu filho (desculpa furada). É interessante a curvatura do perfil do personagem na reta final, um esforço hercúlio para manter um contingente de público, não nescessariamente os mesmos, já que seria impossível sustentar o mesmo bruxinho de meia pataca até o fim. O último episódio, portanto, ficou um bom filme de aventura, prescindindo dos anteriores - o que corrobora a maioria das tuas considerações.

Mas tenho meu lado menos medíocre, já que comprei o disco da Amy antes dela morrer. É interessante a corrida aos discos dos mitos recém nascidos (artistas recém mortos), um dia quero fazer isso também - será que não tem um bom cantor moribundo por aí que eu ainda não tenha o disco?

Gostei da tua crônica, só acrescentaria que caso da Amy é mais simples do que parece: drogas. Como foi dito em Trainsporting: - qual a razão para usar drogas afinal? A grande armadilha das drogas é que não existe nenhuma razão lógica para usá-las, assim como não há razão lógica para viver.

Abraço.

Gustavo.


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