Bolsa-família não fez Dilma crescer no segundo turno
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Nordestinos estão entre os eleitores mais racionais do país. Votam em que os beneficia com melhorias palpáveis. Escolhem quem lhes proporciona ganhos. Fazem exatamente como os empresários do sul, do sudeste ou de qualquer outro lugar, que preferem os candidatos com propostas de redução de impostos ou de flexibilização da legislação trabalhista. Uma eleição tem muitos paradoxos. Nos Estados Unidos, Estados ricos votam mais nos democratas, mas pessoas ricas preferem os republicanos. Só os preconceituosos, especialmente os racistas, entendem que o voto dos nordestinos é menos legítimo por poder ter relação com o Bolsa-Família e outros programas sociais federais.
“Na base dos dados, blog do Núcleo de Jornalismo de Dados do Globo” radiografou os mapas eleitorais do pleito do último domingo e decretou em relação à escolha dos nordestinos: “Se a candidata do PT dependesse apenas desses votos não seria reeleita”. Foi feito um teste “considerando o ganho de votos de Dilma entre o primeiro e o segundo turno e a sua relação com o Bolsa Família”. A conclusão do nada petista veículo da família Marinho não tem qualquer nuança: “Não houve qualquer associação. Dilma conquistou votos independentemente da maior ou menor proporção de beneficiários do Bolsa Família”.
A presidente avançou no segundo turno com os votos do sudeste: “Dilma cresceu sua votação em estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro e em São Paulo. Parte disso se explica porque Dilma apenas repetiu a boa performance nas cidades com alta proporção de Bolsa Família, tendo poucos votos ainda a conquistar nessas áreas. Restaram, portanto, as outras cidades onde ela ganhou votos, independentemente de haver ou não altos percentuais de beneficiários do programa federal”. Claro que os preconceituosos não compreenderam nem aceitarão esses fatos. Eles queriam que nordestinos votassem contra os próprios interesses. A vida é simplesmente complexa. O que parece, quase nunca é. Daí a importância de tirar a roupa do rei.