Brasil em quadrinhos

Brasil em quadrinhos

País é um dos raros que não taxa dividendos

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Quadrinhos

      Diz-se que o Brasil é recordista em tributação e que é preciso combater privilégios. Faz sentido. Nada de distorções. Venho pegando um gosto danado por quadrinhos. Eles são tão ilustrativos. Dado que o Brasil que se passar a limpo, doa a quem doer, que tal se igualar ao mundo desenvolvido ou emergente em taxação de dividendos e de heranças?

https://www.nexojornal.com.br/incoming/vafgi0-dividendos.png/ALTERNATES/FREE_640/dividendos.png

      O Brasil tem a honrosa companhia da Estônia e da Eslováquia na isenção total de taxação a dividendos. Uma façanha. Foi Fernando Henrique Cardoso quem concedeu essa bolsa-rico aos amigos brasileiros. Outro quadrinho que pode ajudar a enxergar o Brasil em relação ao mundo é o que trata dos impostos sobre transmissões de bens por herança.

Inglaterra: 40%

França: 32,5%

Japão: 30%

Estados Unidos: 29%

Alemanha: 28,5%

Suíça: 25%

Luxemburgo: 24%

Chile: 13%

Itália: 6%

Brasil: 3,86%

      Esses numerozinhos fornecem uma média. Nos Estados Unidos, pode chegar até 40%. O economista francês Thomas Piketty, autor do livro mais impactante deste milênio, “O capital do século XXI”, em entrevista faz algum tempo, deu o seguinte recado aos que enfiam a cabeça na areia por esperteza: "Se você ganhar uma fortuna de seus pais e essa fortuna é pouco taxada, como no Brasil, você já começa com mais vantagens na sociedade. Como falar de meritocracia? O que há é a persistência da desigualdade através de gerações".

      Em entrevista para mim, Piketty deu outro bom recado: “As elites brasileiras erram ao rejeitar certas formas de redistribuição de renda que funcionaram bem na Europa ou mesmo nos Estados Unidos permitindo mais justiça social e mais desenvolvimento econômico. O nível de desigualdade brasileiro é um dos mais extremos do mundo. É preciso deixar de lado a ideologia hipercapitalista de alguns para aceitar a ideia de que é possível organizar a economia de modo a obter ao mesmo tempo mais igualdade e mais crescimento”. Claro que há um argumento altamente convincente na ponta da língua dos defensores da manutenção do atual estado das boas coisas para os ricos:

- São realidades totalmente diferentes!

      Então tá!

 


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