Briga de cachorro grande na CEEE

Briga de cachorro grande na CEEE

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Eu estava preparado para falar do último filme de Quentin Tarantino, o melhor cineasta da atualidade. Cada filme dele é um tijolo nalguma vidraça americana. Eu curto. Não vou adiantar o conteúdo do meu texto. Eu o escrevi com tesão. Coisas muitas sérias, porém, me obrigam a mudar de rumo. Tarantino pode esperar até amanhã. Falemos de política. O que anda acontecendo nos bastidores?

Tem sempre algo para ser abordado, especialmente quando dá algum rolo.

Gérson Carrion foi presidente da CEEE no governo de Tarso Genro. Ele foi convidado para ser vice-presidente nacional de finanças dos Correios. Mas não consegue assumir. Acontece que Carrion é funcionário de carreira da CEEE, que vai lançar um plano de demissão voluntária e, ao que parece, deseja vê-lo entre os interessados em sair. Conversei com Adroaldo Portal, vice-presidente do Conselho de Administração dos Correios e chefe de gabinete do ministro das Comunicações André Figueiredo.

O bicho está pegando. A cessão de Carrion aos Correios seria feita sem qualquer ônus para a CEEE.

Por que então não liberá-lo? Alguma retaliação? Mistério?

Os Correios estão na lona. O déficit operacional de 2015 deve ser, na melhor das hipóteses, de R$ 2 bilhões. Se for lançada uma dívida com o fundo Postalis, chegará a R$ 3 bilhões. Segundo Portal, se fosse uma empresa privada, estaria a poucos meses da falência. Gérson Carrion foi escolhido para as finanças por sua capacidade, com a missão de ajudar a tirar empresa do chão. O ministro das Comunicações teria tentado contato com o alto escalão do governo Sartori sem muito sucesso. A demanda teria andado pela Casa Civil e finalmente sido repassada para o secretário de Minas e Energia, Lucas Redecker.

Aos interessados em Brasília, teria chegado um mísero torpedo de celular dando uma resposta evasiva.

Empacou. E agora?

O PDT está magoado. Não entende a atitude do governo Sartori. Gérson Carrion pertence aos quadros do brizolismo. O seu alto salário na CEEE seria a razão para que o atual presidente da casa, Paulo de Tarso, desejasse vê-lo pedir o boné. Outra hipótese é que seja uma vingancinha por Carrion ter presidido a CEEE num governo do PT. Pergunta de observador externo: não seria uma boa para o governo do Rio Grande do Sul ter mais um gaúcho num cargo importante?

Não seria interessante colaborar com o governo federal como política de boa vizinhança quando se espera mais um alívio na dívida com a União?

Não seria mais fácil resolver isso no topo da pirâmide: o ministro das Comunicação liga, o governador Sartori atende, a demanda é feita, o encaminhamento é dado? Não é assim que rola? O buraco é mais embaixo? Já que estou no coloquial, parece que tem boi na linha. Em consequência, a briga ficou de cachorro grande. O PDT faz parte da base do governo Sartori. Uma desfeita dessas pode empurrá-lo para fora. Não seria o caso de botar as barbas de molho ou fumar o cachimbo da paz? Eu, no lugar de Gérson Carrion, não pediria demissão. Por quê? Se for para os Correios, representará uma economia, mesmo temporária, para a CEEE. Qual é bronca então?

Não sei.

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