Candidatos a Oscar

Candidatos a Oscar

Filmes que salvam o dia na pandemia

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      Está chegando a hora do Oscar. Boa parte dos filmes em disputa pode ser vista em streaming. É o caso de “Era uma vez um sonho”, de Ron Howard, com Glenn Close, Amy Adams e Gabriel Basso, e “A voz suprema do Blues”, dirigido por George C. Wolfe, com Viola Davi e Chadwick Boseman. Quem não estiver em ritmo de Oscar pode ver “Os segredos de madame Claude”, que conta a história da dona do bordel mais chique da Paris dos anos 1960 e 1970, cujas garotas teriam trabalhado para gente tão poderosa como John Kennedy e Georges Pompidou, com direito a “I love you” do charmoso americano.

      “Era uma vez um sonho” é um filme triste e pesado, mas redentor. Há muitos baixos na vida do protagonista e alguns altos que sacralizam um poder de superação contra a pobreza, o bullying, uma família desconjunta, com a mãe viciada em heroína e muitos percalços para realizar o sonho de se formar em direito em Yale. Baseado numa história real, a autobiografia de J.D. Vance, o filme pode ver Glenn Close coroada com o Oscar de melhor atriz coadjuvante. Ela está soberba no papel de avó de faca na bota. A crítica norte-americana não gostou do que viu. Mas é bom. O que se vê? A “América” profunda, com seus dramas, hipocrisias e preconceitos, base do trumpismo, às voltas com os seus fantasmas, com suas metas e com sua loucura incontida.

      “A voz suprema do Blues” não é menos envolvente. São filmes com histórias. Aqueles que a crítica mais “artística” debocha por terem início, meio e fim. Normalmente se baseiam no esquema crise – ruptura – superação. Tem algo de moral nessas narrativas que enfatizam a capacidade humana de vencer os piores obstáculos. No caso de “A voz suprema do blues” o que está mesmo em foco é a vida de um trompetista que sonha alta, tem talento e grandes ambições, mas é puxado para baixo pelas artimanhas da vida, maledicências, mesquinharias, inveja. A história da humanidade não deixa de ser a história da inveja.

      Viola Davis concorre ao prêmio de melhor atriz pelo papel de diva em “A voz suprema do blues”. É um desempenho exuberante. “O tigre branco”, de Ramin Bahrani, que também pode ser visto em streaming, concorre na categoria “melhor roteiro adaptado”. Mostra a uberização da vida na Índia. O Oscar é um fenômeno: todo ano conta a mesma história, uma louvação de si mesmo. Sempre funciona. Nunca se deve duvidar de um bom roteiro, de uma boa história, especialmente das histórias que não se perdem em muitas bifurcações nem se afundam na exploração complacente das partes mais sombrias do comportamento humano. Em tempos de pandemia o espectador tem um sonho: crer que é possível vencer a adversidade. O cinema pode ser uma luz no túnel.

      Quem preferir a Europa como cenário pode ver “Os segredos de Madame Claude”. A Paris que aparece no filme é a dos chamados “bas-fonds”, expressão que num sussurro designa os subterrâneos da vida e do sexo. Madame Claude dedicou-se a gestão dos negócios luxuosos. Atingiu todas as metas. Ficou rica, poderosa e influente. Para isso teve de meter-se com política, espionagem, delação e violência.


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